Já estamos na missa de sétimo dia dos organogramas como os conhecemos na faculdade de administração.
Eles já foram mortos e enterrados, porque as pessoas perceberam que os rótulos de “superior” e “subordinado” não tem mais tanto poder, especialmente com esses millenials infernais por aí.
Os millenials acabaram com as relações hierárquicas porque eles quebram o chefe. Eles acham soluções melhores que os chefes estando no meio da faculdade, não tendo nenhuma experiência no cargo.
Então é evidente que os chefes procuram trabalhar junto com os millenials, o que acabou por colaborar com a destruição do controle.
Antigamente fazíamos a analogia, que Drucker uma vez fez (pois é, não gosto de muitas coisas que o Drucker falou), que o gestor é o maestro de uma orquestra.
Ah, cale a boca, Drucker!
Vários gestores não conseguem nem controlar a sua própria agenda, imagine se conseguiriam controlar uma organização inteira.
Mas sem hierarquia, e sem a função de controle, o que será do gestor? Vai ficar planejando? Organizando? Dirigindo?
Vem comigo pra um rápido antes & depois da gestão. Depois a gente conversa sobre o que você precisa fazer como gestor.
Superiores e Subordinados
O ano é 2018. Ainda existem empresas que tratam seus CEOs e Diretores de maneiras diferentes dos seus analistas. Ainda existem gestores importantíssimos com garçons e copeiras para fazer o chá das 5.
Pra mim isso cheira à naftalina, entretanto.
É por causa desses figurões que ficamos obcecados pelo conceito de “liderança”, e na literatura sobre estratégia, pelos “top management teams”, ou seja, pelos times superiores de gestão.
E me conte uma coisa: quem é o superior do superior? Quem manda no chefe? Quem julga o juiz?
Aí entramos no grande dilema. Muitas pessoas responderão: “ah Caio, é o cliente. Sam Walton, do Wal Mart, já dizia que o cliente é o único que pode demitir todo mundo”.
Outras pessoas responderão: “ah Caio, é o acionista. Ele é o único que pode fechar a empresa só indo investir em outro lugar.”
Temos que agradar clientes, acionistas, famílias, empregados, sociedade, políticos, cães e gatos. O que é o gestor então? O grande maestro de uma orquestra, ou um fantoche/marionete com várias cordinhas sendo puxadas de um lado para o outro?
Controle de Atividades e Equipes
A resposta é que ele é um misto dos dois, na verdade.
Sayles diz que o gestor é o maestro sim, que precisa manter a orquestra trabalhando. Mas que ao mesmo tempo que ele precisa manter a orquestra trabalhando, ele precisa ter atenção aos membros da orquestra que estão enfrentando problemas financeiros e familiares fora do trabalho, ajeitar o óculos de miopia para conseguir ler a partitura, cuidar da temperatura do ambiente – que sempre está muito fria para as moças e muito quente para os homens -, fazer a propaganda do seu espetáculo, e agradar o patrocinador máster que gostaria de fazer um sorteio no meio da apresentação.
Vem cá. Você realmente acha que tudo isso vai acontecer perfeitamente? Você realmente acha que o gestor tem controle sobre tudo isso, ou mesmo se ele tiver, ele vai conseguir controlar tudo isso?
Se você ainda diz que sim, está provavelmente lendo os livros errados ou longe de um cargo de gestão. Então tente enxergar você como gestor da sua vida.
Você como gestor da sua vida precisa agradar o cara metade, precisa conciliar estudos com o trabalho, precisa ganhar o leitinho das crianças no final do mês, e ainda visitar a vózinha que faz 3 meses que você não vê. Acertei?
(In)felizmente eu queria ter a oportunidade de falar isso para as pessoas certas, porque você que está aqui já é um cara diferente, que está estudando e lendo. Tem gente que nem isso faz, e não consegue se lembrar da última coisa que leu fora do facebook.
O que é gestão de verdade?
A gestão de verdade é muito mais simples, caseira, e eficaz do que achamos. O problema é que não a praticamos.
Eu encaro a gestão de verdade para uma empresa como sendo parecida com dieta e exercício físico para a sua saúde.
Todo mundo tá cansado de ouvir que para ter boa saúde, dieta e exercício físico são fundamentais. E não precisa fazer grandes esforços. Enfatize comer alimentos naturais, frutas e verduras. Coma bastante proteína, e pouco chocolate ou doces refinados. É muito simples.
Mas aí, vem lá o nosso amigo, e compra 800 reais de suplementos alimentares: Glutamina, BCAA, ZMA, Carnitina, Cápsulas de Cafeína, Whey Protein Hidrolisado, e demais modas do momento patrocinadas pela não tão integral nem tão médica.
E o cara toma todos esses suplementos. Diarimente. Faz de tudo. O problema é que ele almoça macarrão com molho branco e linguiça, janta cachorro quente, e não come de manhã. Ele não come verduras nem tem fontes de fibras nas suas refeições.
Sabe o que isso me lembra?
Dos gestores arcaicos que temos hoje.
Afinal, eles tem planejamento estratégico, balanced scorecard, matrizes do Boston Consulting Group (caso seu professor não tenha te ensinado, é a matriz BCG), sistemas de informação e gestão, etc, etc, etc. Todos esses são os suplementos.
Agora, cadê a alimentação de verdade? Onde estão as fibras da dieta?
Gestão é comunicação, bicho. Por isso gestores passam grande parte do seu dia em reuniões, conversando com todo mundo. E não planejando, mandando, ou controlando tudo o que as pessoas fazem.
A gestão é muito mais relacionada com comunicação lateral do que com ordens horizontais. Tem muito mais a ver com a conversa com a equipe, com a importância que a organização dá pra equipe, do que com o organograma que tá na parede
E talvez mais importante ainda, você sabe que grande parte das reuniões de gestão são fora da empresa. São com pessoas de outros lugares, com fornecedores, com compradores, com associados, com parceiros, com outros diretores. São reuniões para networking, para conhecer outras práticas, para oxigenar as ideias.
Pense que a empresa e o ambiente são dois extremos de uma ampulheta. O ambiente está em cima, e a empresa está em baixo. O gestor é o pescoço dessa ampulheta. É a parte mais fina que escolhe os grãos de areia que caem por primeiro.
Isso sim é importante, não o controle maluco e obsessivo sobre os “subordinados”.
E falando em compromissos dos gestores, você realmente acha que eles controlam a agenda deles? Como?
Provavelmente nem você controla a sua, como você acha que um CEO controla a agenda dele?
Ele estabelece as prioridades. Ele pensa em 5 prioridades para o próximo ano e tudo o que ele faz é relacionado a essas 5 áreas. Eles tem a liberdade para pensar em termos de prioridades para a organização, e passam a fazer coisas que tenham a ver com isso.
E é claro. Tem muita improvisação no meio do caminho. Eles se adaptam às atividades que precisam fazer, e tentam tirar vantagem de todas elas.
Isso sim, é ser um gestor em 2018. É isso que resta para o chefe.
O controle morreu, junto com a hierarquia. E o chefe que ainda for obcecado por eles vai junto. E eu vou na missa de sétimo dia.
Mas para te dar um alento: não vai ser assim com você, relaxe.
Você é um cara diferente. Você leu, está correndo atrás, e está tomando ações que te levam aos seus objetivos principais. Então relaxa.
O que eu faço aqui é exatamente isso que você acabou de ler. Eu uso a literatura científica em desenvolvimento humano e organizacional para ajudar pessoas e empresas a crescerem e se desenvolverem.
Eu amo fazer isso, e é por isso que eu tenho um grupo de pessoas que recebe ainda mais dicas de mim. Na semana passada, eu contei pra eles como o maior investidor do mundo construiu a riqueza dele.
Eu mando toda sexta-feira emails relacionados a desenvolvimento pessoal. Aqui no site, falo sobre desenvolvimento humano na terça e quinta, e sobre desenvolvimento organizacional na segunda, quarta, e sexta.
Fica por aqui, tenho certeza que alguns desses artigos vão te dar uma nova perspectiva sobre tudo.
E se você curtiu, o próximo passo que vem quase que naturalmente é se inscrever para receber os emails de sexta-feira. Esse conteúdo eu não posto aqui, é só por email.
E pra fechar, se inscrevendo você ainda recebe o meu livro “O que todo mundo deveria saber sobre Estratégia”, que também vai te dar uma boa noção do que etá acontecendo na sua empresa, na sua carreira, e na sua vida.
Você tá esperando o que, cara?
REFERÊNCIAS (Disponíveis na Livraria do Caio)
Mintzberg, H. (2009). Managing. Berrett-Koehler Publishers.
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