“O que não é medido não é gerenciado”. Cala a boca, Drucker!

Hoje é o dia, bicho.

Eu odeio quem tem uma tendência mala, chata, pedante, e idiota de falar:

“Temos que mensurar nossos resultados periodicamente através dos nossos sistemas de informação para conseguir gerenciar nossa vantagem competitiva estrategicamente através da correta alocação de recursos idiossincráticos para as fontes dos nossos fatores críticos de sucesso”

Ah, faça-me o favor, cara.

É esse tipo de fetiche por mensurar o imensurável que faz os administradores serem gente tão mala.

Veja, vamos pegar o exemplo de uma universidade.

Todos nós sabemos o valor de um professor. Agora, o grande diferencial de uma grande universidade, como a PUC e as federais, é ter professores que estejam realmente próximos dos seus alunos.

Conversas de corredor, pequenas sessões de mentoria, o contato corpo-a-corpo individual entre orientador e orientando. Tudo isso é maravilhoso para qualquer aluno perdido no meio da faculdade.

Agora, meça esse contato. Você vai ver que segundo as nossas maravilhosas teorias de gestão, esse contato é extremamente ineficiente. Ou seja, o professor poderia estar atendendo 60 alunos, mas está atendendo apenas 1.

E onde fica o contato pessoal?

Pois é. Como diria Gumport, a pró-reitora da faculdade de educação da universidade Stanford:

“As coisas que eu mais amo na universidade são as coisas que os gestores mais acham que são ineficientes”

Essa fascinação que alguns administradores tem em, por exemplo, discutir arduamente a diferença entre eficiência e eficácia, é que acabou com a administração.

Do fundo do meu coração? Fo**-se a eficiência e a eficácia.

Tem gente que acha que gestores rotineiramente acessam suas contas no seu sistema Oracle, SAP, ou o que o valha, e recolhem informações que auxiliem na tomada de decisão, exatamente como os livros falam que deveria ser.

Mentira. Isso não acontece.

Imagine um CEO. Ele tem que ter muita informação sobre o que acontece, né? Como que você acha que ele vai pegar todas essas informações?

  1. Ele vai acessar a sua conta no seu sistema de gestão da informação e ver os relatórios de cada uma das áreas que interessa para ele
  2. Ele vai chamar o gerente de cada uma das áreas para uma conversa de 5 minutinhos pra ele resumir tudo o que ele precisa saber

Preciso responder o que o CEO vai fazer?

Vamos além, e eu te digo porque Drucker tá errado.

(Um parêntese. Na verdade a frase não é de Drucker, mas sim de Lord Kelvin, um físico. Mas, não sei porque, as pessoas acham que foi Drucker quem falou isso, então eu vou continuar essa lenda urbana aqui)

Comunicação Humana, Pessoal, de Verdade

Os estudos de Mintzberg mostram que gestão é uma atividade oral.

Quer uma prova?

Veja, quanto mais alto na hierarquia um gestor está, mais reuniões, ligações telefônicas, conversas por skype, emails, e mensagens de whatsapp ele recebe.

E  um parêntese, aqui eu encaro emails e mensagens de whatsapp como comunicação oral, pela sua rapidez e intimidade.

Como Mintzberg diz:

“O gestor não sai do telefone, da reunião, ou pára de responder emails para voltar ao trabalho. O telefone, a reunião, e os emails são o trabalho.

A Rádio Peão

Quem não ama uma fofoca? Um boato?

Acadêmicos de administração que nunca administraram não amam. Eles acham que isso é um absurdo a ser combatido pela gestão. Eles não amam uma fofoca e um boato.

Agora, gestores de verdade amam uma boa fofoca. Por que?

Porque a fofoca de hoje pode ser a realidade de amanhã. A fofoca não cabe em um relatório, numa reunião, ou num ambiente corporativo sisudo e formal. A fofoca é secreta, confidencial, e protegida – toda informação que um bom gestor precisa.

Não só as fofocas, mas as opiniões e conselhos das pessoas.

Veja, um diretor de marketing, por exemplo, precisa saber o que a agência está fazendo, e, sei la, sair para tomar um café com o dono da agência. Construir essa relação de confiança para ter acesso a informação que nenhum relatório, nenhum sistema de informação pode dar.

O dono da agência pode também confidenciar que, digamos, o coordenador de mídias sociais da empresa não tá trabalhando muito bem com a agência. E também que a empresa precisa de mais uma pessoa na área de relações públicas.

“Ah Caio, mas é óbvio que a gente não pode confiar nesse tipo de informação. Quem garante que ela tá certa?”

Falou aquele que lê fake news todo dia. Só falta acreditar no governo agora.

A questão é que todos nós temos um detector de mentira. E em conversas pessoais, você consegue ver a linguagem corporal da pessoa. Em conversas por telefone, você analisa o tom de voz.

As pessoas ignoram essas coisas, cara.

NUNCA ignore isso.

Reuniões Improdutivas

Todo mundo já foi praquela reunião logo depois do almoço. Aquela que te dá muito sono, e que poderia ter sido resolvida com um email.

Você sai furioso da reunião, porque, afinal, o que poderia ter sido resolvido com uma mensagem de whatsapp levou 2h para não ser resolvido, certo?

Errado.

Reuniões são importantes, e a nossa racionalidade imediatista e produtivista nos impede de ver isso.

Assim como sessões de coaching de professores para alunos são “ineficazes” para os “gurus” da administração, reuniões deveriam ser abolidas do calendário porque elas podem ser resolvidas por email.

Então me conta aí, bicho. Por que é que CEOs e gestores viajam tanto para visitar as outras sedes?

Por que é que gestores passam a maior parte do seu tempo em reuniões improdutivas ao invés de resolver tudo por email?

A resposta vem a seguir.

Os famosos sistemas de informação.

Pra que servem então os sistemas de informação?

Bom, eles servem para analistas e coordenadores se organizarem. Ponto final.

Eles servem para armazenar informações operacionais das organizações, que serão traduzidas em relatórios para a gerência imediata.

Porque o gestor não tem tempo de ficar com a bunda sentada atrás no computador mexendo no sisteminha, cara.

O gestor chama o coordenador para uma reunião diária de meia hora pra entender o que tá acontecendo. Quem tem a informação é o coordenador, e não o gestor.

A informação está no sistema para o coordenador, mas ela está apenas na cabeça do gestor.

E é por isso que existem gestores que tem dificuldades em delegar tarefas. Porque eles tem tanta informação na cabeça deles, que ficaria difícil delegar para alguém e passar toda essa informação para a pessoa.

Então eles preferem fazer eles mesmos. É mais rápido e mais fácil do que delegar.

E por isso que Drucker tá errado. Ele é um funcionalista o extremo. E nós sabemos que as coisas extremas não funcionam.

Não tem como medir tudo, mas isso não significa que você não pode administrar. É ridículo, e até um insulto falar isso.

É bom ter informação? Sim. Claro que é. Mas a informação nem sempre vem em formato de números.

A informação que a gente processa vem em linguagem corporal e tom de voz, vem em estilo de escrita e em linguagem. Números dizem muito menos que esses fatores juntos.

Sistemas de informação são importantes, mas não tanto quanto as pessoas pensam. O que é importante, no final, é o reconhecimento de que pessoas são mais importantes que métricas. Ponto final.

E exatamente porque pessoas são mais importante que métricas que eu escrevo isso daqui pra você.

Porque eu não ganho nada para escrever isso. Zero. Você não pagou nada pra ler isso.

Eu te ajudar com isso vai me trazer um retorno “imensurável” no futuro. Seja por meio de uma indicação sua para alguém, ou por meio de um compartilhamento no facebook. Seilá. Tem gente usando o que eu escrevo aqui em aulas de pós graduação.

Isso me traz retorno. Imensurável. Eu devo ser uma m**** de administrador para Drucker.

Além de escrever sobre gestão, eu escrevo também sobre desenvolvimento pessoal e desenvolvimento humano. Você sabe que o desenvolvimento de organizações passa pelo desenvolvimento das pessoas que estão nelas, né.

Então, é por isso que eu tô aqui. Se você curtiu, eu tenho mais dois presentes pra você.

Eu escrevi um livro chamado “O que todo mundo deveria saber sobre estratégia”. Ele resume a literatura mais importante sobre estratégia em 50 páginas. E eu ainda te desafio a responder as 89 perguntas sobre a sua estratégia, seja na sua empresa, seja na sua vida, que eu faço para você.

Se você responder essas 89 perguntas, eu te garanto que em 5 anos, você vai viver uma realidade 100x melhor que vive hoje.

E para baixar o livro de graça, você ainda vai fazer parte de um grupo de pessoas que recebe meus emails toda sexta-feira.

Nesses emails eu falo sobre desenvolvimento pessoal e humano, baseado nas minhas experiências e nas minhas leituras.

Cara, tudo isso é de graça. Eu deveria cobrar por isso, mas não é a hora ainda.

E aí? Vai continuar na mesma? Ou vai clicar aqui embaixo pra resolver as suas paradas e mudar a sua vida?

Clique aqui pra fazer parte!

REFERÊNCIAS (Disponíveis na Livraria do Caio)

Mintzberg, H. (2009). Managing. Berrett-Koehler Publishers.

Mintzberg, H. (1973). The nature of managerial work.

Altbach, P. G., Gumport, P. J., & Johnstone, D. B. (Eds.). (2001). In defense of American higher education. JHU Press.

Photo by Ocean Biggshott on Unsplash

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