Primeiro, é descobrir mesmo. Não é formular, nem elaborar.
Eu e a literatura como um todo falam que temos que “elaborar” a nossa missão, como se a gente inventasse ela de um dia pro outro.
Imagine que de repente, depois de 10 anos estudando e praticando gestão, eu vire e fale pra você: agora a minha missão é fazer cirurgia neuro-vascular para salvar a vida das pessoas.
Incoerente, no mínimo, não é?
O problema é que várias empresas, organizações, e até pessoas se comportam dessa maneira.
Quer um exemplo? Veja os coaches que se acham no direito de ser “coach” porque fizeram um curso de 20h em alguma empresa educacional que se intitula como “sociedade”.
Mas então se uma empresa ou uma pessoa não elabora a sua missão, como que ela descobre a sua missão?
É isso que a gente vai ver a partir de agora!
Governo e Mercado
Antes de mais nada, você tem que pensar em fatores macro.
Isso porque, por exemplo, você não pode ser um advogado se não tiver uma carteirinha da OAB porque o governo não deixa. Logo, você não pode ter como missão defender ou acusar sem antes ter isso.
Isso limita a missão de muitas pessoas, que enfatizam a elaboração sobre a descoberta da missão.
Outro exemplo de fator macro – que eu tenho uma tendência a ignorar na minha missão -, e a “aceitação” pelo mercado.
No melhor dos mundos, você oferece algo que todo mundo quer. Ou que pelo menos alguém quer.
Você entra no mercado para satisfazer a vontade de alguém e ganhar dinheiro com isso.
O problema é que eu sou meio rebelde (ou transgressor, como diria um queridíssimo professor), e prefiro fazer as pessoas engolirem o que eu tenho pra dizer. Por isso eu escrevo aqui de graça.
História
A sua história, ou a história da sua empresa é outro fator que restringe a descoberta da sua missão. Principalmente porque você é a sua história.
Você tem as suas cicatrizes, os seus aprendizados, a sua cultura, e foi criado pela sua família. Você tem uma história que quase define a sua missão para você.
Então se você nasceu numa família de administradores, por exemplo, é muito mais provável que você siga essa profissão. Se alguém da tua família tem uma empresa, é muito provável que isso defina a sua missão.
Nas organizações, da mesma maneira, a história tem um grande poder de definir a missão. Veja as universidades, por exemplo, que continuam com as mesmas missões desde a primeira delas.
(O exemplo das universidades tem um excelente exemplo de mercado moldando a missão também. Recentemente, todas as universidades que se prezem tem enfatizado a internacionalização, pesquisa aplicada, e parcerias com as empresas)
Reputação
Quando eu falei de mercado, eu disse que eu era meio transgressor. A minha reputação é essa. De trazer algo bom pra você, sem ladainha, e sem rabo preso com ninguém. Eu falo o que eu penso, e muitas vezes, escuto o que não quero.
Mas pra mim, eu acredito que existem dois tipos de pessoas no mundo. Pessoas que gostam de chá quente, e pessoas que gostam de chá gelado.
Ninguém gosta do morno. Ou você arrebenta tudo, ou você arrebenta tudo, e essa será a sua reputação. Pessoas mornas, empresas mornas que não arriscam nada têm a reputação que merecem: são mornas.
De qualquer maneira, morno ainda é uma reputação que funciona. Veja quantas pessoas e empresas mornas que temos por aí.
A sacada deste tópico não é essa, antes que eu saia mais ainda do tema. Mas sim que a descoberta da tua missão, além de fatores macro como mercado e governo, e a sua história, tá ligada ao que as outras pessoas pensam de você.
Veja, por exemplo, qualquer adolescente que vira punk de um dia pro outro. Qual a credibilidade disso?
A sua reputação define a sua missão também. Junto da sua história, e dos aspectos governamentais e de mercado.
Perguntas fundamentais
Depois de pensar em governo e mercado, na sua história e na sua reputação, você precisa responder algumas perguntas.
É claro que, no meu livro sobre estratégia, que vamos falar mais no final, eu te mostro 89 perguntas que você precisa fazer para entender melhor quem você é.
Essas cinco perguntas de agora, talvez sejam as mais importantes das 89.
Quem eu sou?
Essa pergunta pode ser a mais difícil de responder.
Quem você é? Como você se identifica?
Veja, essa é uma pergunta que testa a sua coerência e seus ideais. É aqui que você precisa pensar no que você defende, qual as suas posições no seu mercado.
Para fazer isso, você precisa voltar na sua história e na sua reputação, e casar elas com o seu ambiente – governo e mercado.
O que eu faço?
Essa pergunta pode ser difícil, mas não precisa ser. Porque depois de saber quem você é, é fácil entender o que você faz.
Por exemplo, Duckworth mostra o estudo de um sociólogo que descobriu o segredo da excelência em qualquer área. Ela diz que além de paixão e perseverança, essas pessoas respeitaram a história delas.
Nadadores de elite foram encorajados a nadar desde que nasceram. Seus pais nadavam, levavam a congressos, deram acesso a piscinas e a técnicos.
É evidente que você dificilmente será um expert em calefação a gás se nunca tiver visto isso na vida. Entretanto, as pessoas no Canadá tiveram expostas a isso por muito mais tempo, e são os melhores nesse tipo de sistema.
Vou repetir. Entendendo a sua história, a sua reputação, e o seu macro-ambiente, é muito mais fácil saber o que você faz.
Como eu faço?
Não basta fazer. Você precisa saber como fazer, não é mesmo?
E o “como” você faz o que faz pode ser determinante para o futuro da sua organização, e para o seu futuro.
Veja, se eu fosse um quarqué, escrevendo sobre gestão, provavelmente você não estaria aqui. Eu faço as coisas de um jeito diferente. Qual o seu jeito de fazer as coisas?
E nem venha me dizer que só tem um jeito de fazer o que você faz. O técnico da NET segue basicamente as mesmas regras do da VIVO. Mas eles podem se diferenciar em atendimento ao cliente, por exemplo, ou em custo.
Pra quem eu faço?
Muito importante, além de saber quem você é, o que você faz, e como você faz, é saber pra quem você faz.
Eu também, mantendo a minha reputação de transgressor, tendo a ignorar isso. Várias pessoas me falam que se eu escrevesse de um jeito mais formal e com menos gírias e palavrões, talvez eu teria uma maior chance com gestores para conseguir consultorias.
Caguei.
Eu sou chá quente. Eu faço pra mim mesmo e pra quem curte e tá aqui todo dia lendo.
Mas se você preferir – e é o mais indicado caso você queira grana no curto prazo – você pode escolher um cliente para agradar. E por cliente, eu digo um nicho.
Isso é relativamente fácil de fazer. Procura aí no Google por “Mapa da Empatia”, ou “Persona de Marca” e faz um cliente pra você. Tranquilinho.
E daí você vai ter em mente que tudo que você vai fazer será para esse cara que você criou. Agora a sua empresa não é mais pra agradar você. É pra agradar os outros.
Qual a sua diferença para o resto?
Quem vai numa degustação de vinhos, espera tomar vinhos diferentes, apesar de todos eles serem vinhos, não é?
Então, quem vai ao mercado procurar por um produto ou serviço, espera que alguns sejam iguais, mas diferentes na sua igualdade!
Cada negócio, cada pessoa tem uma diferença que se destaca dos outros. Seja cobrar mais barato ou um preço premium, seja atender melhor ou pior, seja dar um produto/serviço de melhor ou pior qualidade.
O importante é ter essa diferença. E anunciar essa diferença. Esse é o “diferencial competitivo” que tantos acadêmicos falam. Não é difícil de entender.
A Moral da História.
Eu disse que eu tenho 89 perguntas no meu livro: “O Que Todo Mundo Deveria Saber Sobre Estratégia”.
Sabe o que é o melhor de tudo? Esse livro é de graça!
E recebendo ele, você também começará a receber um email meu por semana, toda sexta-feira. Eu falo sobre desenvolvimento pessoal nesses meus e-mails, e tem uma turma que sempre responde e conversa comigo sobre eles.
Encare isso como um artigo aqui, customizado pra você.
Eu nunca vi nada parecido por aí. Mas, mantendo a coerência, esse sou eu, isso é o que eu faço, é assim que eu faço, e eu faço pra mim e pra você. Essa é a minha diferença pros outros.
Agora chega de falar, e clique aqui embaixo para pegar o seu livro.
REFERÊNCIAS
Arias-Coello, A., Simon-Martin, J., & Gonzalo Sanchez-Molero, J. L. (2018). Mission statements in Spanish universities. Studies in Higher Education, 1-13.
Kotler, P., & Murphy, P. E. (1981). Strategic planning for higher education. The journal of higher education, 52(5), 470-489.
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