A banalidade da excelência: qual o segredo do talento?

Eu aposto que você um dia já se pegou pensando:

“Não é possível, esse cara nasceu para fazer isso. Ninguém consegue superar ele.”

Pois é. Sou culpado disso também. A gente vê tantas pessoas com habilidades inatas e talentos de nascença que às vezes nos achamos comuns, banais demais para competir.

Só que uma coisa que a gente esquece é que, ok, podem existir pessoas com características inatas que possibilitam a excelência. Usain Bolt tem pernas maiores que eu, e uma estrutura óssea provavelmente melhor que a minha.

Mas o negócio é o seguinte, cara. Nesse artigo eu vou te mostrar qual o segredo por trás do talento do Usain Bolt, do Mark Zuckerberg, e do Steve Jobs.

Isso porque eu concordo com você. Eles podem ter um cérebro ou um corpo diferente do nosso, e não sabemos o que se passa lá dentro.

Mas o que eu vou te dizer, e defender aqui, é que a excelência é uma coisa comum, banal, ordinária, regular, rotineira. A excelência é um hábito, uma rotina. Não uma característica fixa escolhida por Deus para aqueles que nascem com o rabo pra lua.

Qual o segredo do talento, então?

Talento é excelência

Em 1989, um sociólogo chamado Dan Chambliss resolveu estudar nadadores olímpicos em seu habitat natural: a piscina.

Ele embarcou em um estudo que a gente chama de etnográfico. Ou seja, por seis anos, ele VIVEU a rotina dos nadadores. Ele mesmo virou um nadador, e foi nadar com os melhores da época, os campeões olímpicos dos Estados Unidos.

Nessa jornada de seis anos, ele descobriu que “talento” é a melhor explicação que temos para o sucesso.

Talento é uma coisa inefável, longe da gente, invisível, como se fosse uma aura de excelência sobre aqueles que tem. É uma benção. É um dom. É uma vocação divina.

E como talento é único, alguns tem, e alguns não tem.

E você tem que concordar comigo que, se você não sabe como Usain Bolt, Neymar, ou Elon Musk chegaram até onde chegaram, a explicação mais coerente é falar que “É um dom! Eles nasceram pra fazer isso!”

E as pessoas vão além. Elas falam que “ninguém te ensina isso”. Nenhuma escola, nenhum professor, nenhum coach, nada. Ninguém consegue ensinar isso.

SÓ QUE NÃO!

A Banalidade da Excelência

O estudo do Dan Chambliss mostra que o que conhecemos por talento, que é uma grande excelência em um âmbito profissional, não passa de uma série de características.

Ou seja, o talento, como um todo, é um agregado de características, hábitos, rotinas, e fatores diferentes. Uma confluência de dezenas de habilidades pequenas.

Sendo ainda mais claro. As pessoas talentosas, excelentes, juntam diversas habilidades que acabam culminando em uma macro-habilidade, que como a gente não sabe como que aconteceu, rotula de “talento”.

E o melhor. Essas habilidades são aprendidas. Elas não nascem com a pessoa talentosa, nem são transmitidas geneticamente de pai e mãe para filho ou filha.

Essas habilidades “micro”, que formam o talento “macro”, são aprendidas durante a vida, e viram hábitos e rotinas, que acabam por fazer o produto final que a gente chama de talento.

Por exemplo: No estudo sobre nadadores, Dan Chambliss descobriu que um grande fator para o sucesso dos nadadores “talentosos” era ter pais que já nadavam ou tinham interesse por natação, e que puderam pagar por aulas de natação para seus filhos.

Da mesma maneira, os nadadores profissionais, olímpicos, talentosos, não por coincidência eram os que passavam mais tempo na piscina, eram os que iam a mais reuniões e congressos de nadadores, e milhares de horas nadando e refletindo sobre a prática de nadar.

É evidente que nem todos podem ser Michael Phelps ou Usain Bolt. Eles tem vantagens anatômicas. Mas a excelência é banal. Eles podem ser os melhores, mas sempre há o segundo, o terceiro, e o quarto lugar. Sempre há o campeão nacional, estadual, municipal.

O maior achado de Dan Chambliss é que a excelência é banal. Ela pode ser perseguida por TODOS. A excelência é uma junção de habilidades pessoais, e cada um delas pode ser aprendida.

Todos podem ser excelentes. Todos podem ter talento.

Mas eu nem precisava falar do Dan Chambliss aqui.

Nietzsche já tinha nos avisado da nossa adoração ao talento e aversão ao trabalho duro.

Nietzsche e o Talento

Nietzsche estudou talento também. Ele disse que pra gente, é muito mais fácil, divertido, e atraente pensar que o talento das pessoas surge como mágica.

Ninguém consegue ver o talentoso se tornando talentoso. Afinal, é um processo longo, duro, difícil, e pouco divertido. A gente gosta é de ver o produto final.

Em outras palavras, a gente quer acreditar que as pessoas nasceram pra fazer o que fazem com excelência e talento. Ninguém quer ver o Neymar jogando futebol na rua quando era criança, nem ver Elon Musk estudando na faculdade. A gente que ver o produto final.

A gente prefere o mistério à banalidade. Por que?

Para Nietzsche, é porque a gente tem ego. Orgulho. Se a gente pensa que os outros são dotados de algo mágico que nasceu com eles, não nos sentimos mal por não ser como eles.

Afinal, se alguém nasceu com talento, nem tente competir, cara. Ele tem uma vantagem divina sobre você. Ele foi um escolhido de Deus. Fique aí na sua zona de conforto de boinha.

É bem mais difícil pensar que talento e excelência acontecem para pessoas que, como Nietzsche diz:

“pensam em uma direção, empregam tudo que podem para evoluir, sempre refletem e observam sua prática e a de outros, percebem modelos e incentivos em todos os lugares, e nunca se cansam de combinar suas habilidades e meios para atingir a excelência”

Qual o segredo do talento?

Chega de falar sobre dons, sobre coisas inatas e de nascença, sobre vocações divinas e rabos pra lua.

A ciência não tem tempo para ficar discutindo coisas misteriosas e divinas.

A ciência discute aquilo que a sua vó já sabe. Talento e excelência são práticas diárias e cotidianas.

Os gênios não são gênios. Eles se tornam gênios. Eles primeiro constroem as partes, suas micro-habilidades, para depois mostrarem o seu real talento juntando todas essas partes em um todo.

E o objetivo nunca é o todo. O objetivo é se divertir. O objetivo é aprender, e seguir em frente com o trabalho. O todo é consequência, e não causa.

É por isso que eu escrevo aqui todo dia. Cada artigo meu é uma parte desse todo. Mas tem uma parte que eu não te contei.

Toda sexta, um grupo de pessoas recebe um email meu, especial, só pra eles, falando sobre esse tipo de coisa voltada a desenvolvimento humano e pessoal.

Essas pessoas resolveram evoluir pouco a pouco diariamente. Elas resolveram construir a sua própria genialidade e o seu próprio talento, e confiam em mim para “guiar” essa construção.

Se você chegou até aqui, meus parabéns. Você sabe mais do que 90% das pessoas, que ainda acham que talento é uma coisa que nasce com as pessoas.

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Chega de esperar. A hora é agora.

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REFERÊNCIAS

Chambliss, D. F. (1989). The mundanity of excellence: An ethnographic report on stratification and Olympic swimmers. Sociological theory7(1), 70-86

Duckworth, A. (2016). Grit: The power of passion and perseverance (Vol. 124). New York, NY: Scribner.

Photo by jesse orrico on Unsplash

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