Por que qualquer um pode ser administrador?

Mintzberg é um cara polêmico. Apesar de ter publicado mais de 150 artigos sobre administração, e mais de 13 livros sobre administração, ele insiste em dizer que administração não é nem ciência, nem profissão.

É isso mesmo. O cara passou a vida inteira dele estudando administração, escrevendo sobre administração, respirando administração, e escreve falando que administração não é profissão.

Que qualquer um pode administrar. 

O argumento dele é que a administração é prática, que só se aprende com a experiência e em um determinado contexto.

Então, se você tem experiência em gestão universitária, por exemplo, nem tente ir para a gestão hospitalar, porque você vai ter que começar do zero. 

Se você nunca foi um gestor antes, se prepare para começar bem do começo, sendo gerido. 

Mas porque qualquer um pode ser administrador? Porque existem faculdades de administração então?

Administração não é ciência

Não me entenda errado. O meu slogan é que aqui e nas minhas práticas, eu aplico “ciência, não palpite”. Eu sempre falo isso, e isso impressiona as pessoas.

A ciência é indisputável. Tudo aquilo que é descoberto por meio do método científico é uma verdade absoluta, porque realmente acontece, e é o que sabemos até agora.

Essa foi a melhor maneira que  nós como humanos racionais achamos para provar as coisas e prever as coisas.

Pesquisas qualitativas permitem que o cientista entenda melhor sobre o fenômeno e explicar porque ele acontece. Pesquisas quantitativas checam se essa explicação pode ser generalizada.

Esses dois passos tem rigor científico. E é aí que entra o meu “é ciência, não é palpite”. Você confia mais na tua vizinha que tomou um chá de boldo e emagreceu, ou no teu nutricionista que falou que isso é uma besteira?

Tem gente que confia na vizinha, por incrível que pareça, mas enfim, voltando ao ponto principal.

É óbvio que você deveria confiar no seu nutricionista. Ele tem provas científicas do que funciona e do que não funciona. E ele sabe bem (ou deveria saber) que tomar chá de boldo é apenas uma profecia auto-realizável, porque você vai tomar 8 litros de chá de boldo por dia, e não vai conseguir comer depois, emagrecendo como consequência.

O problema é que em administração, a gente não consegue chegar num consenso pras coisas. Porque pessoas são fundamentalmente diferentes do chá de boldo, que pode ter rendido uma tese de doutorado e 3 artigos científicos para o nutricionista.

Pessoas em pequisas qualitativas mentem, diferente do chá de boldo. Pessoas tem falsas memórias, diferente do chá de boldo. Pessoas agem sozinhas diferente de como agem em grupo, já o chá de boldo age da mesma maneira no litrão e na xícara.

Então, a administração e seus acadêmicos podem até fazer pesquisas robustas e com muito rigor científico, mas de qualquer maneira, não é ciência.

Administração é arte

Peter Drucker, outro administrador famoso, acredita que administração é ciência e disse que “os dias do gestor intuitivo estão contados”

Ele quis dizer que em algum tempo, a administração vai ter chegado a um tal patamar que só administradores poderiam administrar. Teríamos, para ele, chegado ao patamar de ciência.

O problema é que ele falou isso em 1954, e como diz Mintzberg, “mais de meio século depois, ainda estamos contando os dias do Drucker”.

Mintzberg defende que a arte depende da prática. Quanto mais você pratica um instrumento musical, por exemplo, melhor você consegue ter insights e fazer coisas novas com a sua música.

A administração é exatamente assim. Com a prática, você desenvolve insights e visões que você não teria sem a prática. Mais uma vez, a experiência é fundamental pra gestão.

Insights e visões são conectados à criatividade. E criatividade é arte.

Porque se você pensar bem, os gestores são os caras que ficam com as coisas mais complicadas dentro das organizações. A maioria do trabalho das empresas é feito por especialistas, que já tem uma boa base de como fazer as coisas funcionarem. 

O gestor é um generalista, ele sabe de tudo um monte (não de tudo um pouco). Por isso as pessoas admiram o gestor pela sua experiência e inteligência. Ele precisa ter experiência e inteligência.

Administração não é profissão

Vamos pegar um exemplo aqui.

Você confia mais no engenheiro ou no pedreiro pra construir a tua casa?

O pedreiro é o cara que tem a prática. Ele sabe o que tem que fazer. Então para que precismos de engenheiros?

Os engenheiros aprendem na faculdade a ciência do que eles usam. E a ciência deles é dura. É hard. Uma ponte é uma ponte em qualquer lugar do mundo, e eles aprendem como lidar com o calor, a expansão do aço, com os ventos, com as características locais da terra, etc.

O pedreiro não sabe disso. Ele sabe como fazer o que o engenheiro quer.

O problema da administração é que pessoas não são como aço, nem como pontes, nem como casas. O problema da administração é o conhecimento tácito das coisas. Ou seja, aquele tipo de conhecimento que só a experiência traz.

O contexto da administração não é a transição do calor do dia pra noite, mas sim as crises pessoais dos funcionários, as crises econômicas e a incerteza, a complexidade do ambiente e a tecnologia. Não temos como prever isso – diferente da expansão do aço.

Por isso os fatores contextuais são importantes. Nem sempre (raramente, na verdade) o que um artigo científico diz sobre gestão de fábricas de pregos pode ser aplicado à gestão de uma prisão. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

O administrador é o cara responsável por uma parte grande de uma organização, ou pela organização inteira. Eles fazem o trabalho deles usando e trabalhando com outras pessoas. Enquanto isso, o pedreiro trabalha com pedras e o engenheiro com desenhos e softwares.

A diferença entre engenharia (uma profissão) e administração (não é uma profissão), é que na profissão, existe a melhor maneira de fazer uma coisa. Uma ponte pode ser feita de várias maneiras, mas para o contexto específico da ponte pênsil sobre o rio Quitandinha, existe uma melhor maneira.

Já na administração, tá todo mundo meio que tateando o que fazer, e geralmente confiando na melhor maneira de fazer ensinada na faculdade. Ou seja, vamos colocar planejamento estratégico em todos os lugares, seguido da definição dos KPIs e do balanced scorecard. 

Na administração, as pessoas tratam outras pessoas como se elas fossem mais previsíveis do que barras de aço. Tem como fazer isso?

A Moral da História

Eu não quero aqui cuspir no prato que eu comi – e ainda como. Eu leio muito sobre a ciência da administração e das organizações, e tudo que eu escrevo aqui é baseado em ciência.

Mas por ciência, o que eu quero dizer é responsabilidade. Responsabilidade de passar o que temos no estado-da-arte na literatura para você.

E o que temos comprovado é o seguinte: o trabalho do administrador é fazer com que as outras pessoas façam o seu melhor. Ponto. Nada daquilo de planejar, organizar, blá blá blá…

E a melhor maneira que sabemos como fazer isso eu escrevo aqui todo dia pra você. Eu uso a psicologia positiva pra fazer isso. Leia meu último artigo, que eu tenho certeza que ele fala sobre isso, mesmo não me lembrando qual foi.

E essa é só a ponta do iceberg. Eu não posso dar a minha experiência pra você, e nem você dar a sua pra mim. Experiência é palpite. E eu não quero ser irresponsável aqui te dando palpites.

Tudo que eu falo é baseado em rigor, em ciência, em responsabilidade. Nunca vou falar pra você fazer um planejamento estratégico para 10 anos, porque é impossível fazer isso. 

Há 10 anos atrás ninguém tinha um iphone na mão cara. Como que você vai planejar o futuro da tua empresa pra daqui 10 anos?

Por isso que no meu ebook, que fala o mínimo que você deve saber sobre estratégia, eu te faço 89 perguntas. Porque eu jamais posso te falar o que é certo e o que é errado. Depende do contexto e de milhares, se não milhões, de variáveis.

Falando nisso, eu quero te dar meu ebook. Eu devia vender ele, mas eu fico muito agradecido que você esteja aqui, e quero te dar um presente.

Pra ganhar o ebook, é só clicar aqui embaixo. De quebra, você ainda vai receber um email meu por semana, sobre desenvolvimento pessoal. Uma área que muitos administradores negligenciam.

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REFERÊNCIAS

Mintzberg, H. (2009). Managing. Berrett-Koehler Publishers

Drucker, P. F. (1954). Practice of Management. New York: Harper & Row

Photo by Ståle Grut on Unsplash

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