Porque até improvisar é melhor do que planejar

Ainda em 2018, as matrizes curriculares dos cursos de administração ensinam planejamento estratégico e balanced scorecard nas disciplinas sobre estratégia.

Ainda em 2018, a grande parte dos alunos e ex-alunos não sabem o que é estratégia.

Mas chega. Eu vou te contar que o planejamento estratégico não é estratégia.

O planejamento estratégico é uma ferramenta que serve pra dar ordem ao caos.

Ou você previu no seu planejamento que o dólar chegaria a R$4,20?

Weick conta que esse tipo de variação nos força a pensar de maneira criativa, e que isso sim é uma excelente estratégia.

Isso porque nós temos as “linhas gerais” da estratégia, e não um plano pra seguir. O plano falhou, bicho. Você sabe o que tem que fazer, mas agora não tem plano nenhum pra te ajudar.

Nenhum plano é suficiente pra lidar com a incerteza. Você precisa abraçar o conceito de “antifragilidade”, ou seja, você precisa ficar mais forte com as incertezas e com o caos, e não mais fraco.

E isso é o que a experiência em improvisação faz com você.

No resto deste artigo, eu vou te explicar porque improvisar a sua estratégia é melhor que planejar a sua estratégia.

Se você não ler, vai perder muito tempo planejando para um cenário que só você acha que existe.

Improvisação?

Isso, improvisação. Já ouviu falar, ou viu, aqueles shows de humor de improvisação?

Tipo aqueles barbixas, onde eles tiram um tema de algum lugar, e começam a fazer piada com aquilo?

Pois é, o negócio dá certo. E é muito mais engraçado que um show de humor 100% planejado.

No teatro, também, os atores improvisam. Os músicos também improvisam. Todo mundo improvisa.

Mas empresas não. Não, jamais. Empresas são coisas racionais, com pessoas racionais, onde tudo deve ser planejado, organizado, controlado, desenvolvido, e mensurado.

Jamais, empresas nunca “brincariam” com a sorte. Os métodos de planejamento precisam ser muito rigorosos e robustos.

Sério mesmo?

Sério mesmo que as pessoas esperam que o futuro seja assim tão previsível? A gente não acerta nem a previsão do tempo, e tem gente que quer acertar o que vai acontecer em 10 anos?

No final, o tiro sai pela culatra, se você pensar bem.

A sobrevivência de uma empresa depende de aprender que o que funcionou ontem não funciona hoje, depende de experimentação, de tentativa e erro.

A Xerox e a Kodak tinham excelentes planejamentos. Mas não aprenderam com tentativa e erro. Elas não aprenderam com o passado, e não viram a mudança que estava embaixo do nariz, provavelmente porque estavam muito ocupadas seguindo o planejamento.

Mas se você chega e conversa com alguém falando que sua empresa não tem planejamento, nooooooossa, que idiota que você é.

Ninguém entende a improvisação. Principalmente porque acham que improvisação é fazer aquilo que dá na telha.

Não é. A improvisação começa com um tema. Começa com um objetivo. A improvisação é que dá ordem ao caos.

A Ordem no Caos

Ordem e Progresso: dois conceitos escritos na bandeira de um país subdesenvolvido sem ordem nem progresso.

O Brasil é um exemplo de como o planejamento não funciona.

Encare as leis brasileiras como um planejamento. Ali estão as regras do jogo, e os objetivos.

Pegue a constituição, com seus 245 artigos e incontáveis emendas. Tudo certinho, meticulosamente calculado e previsto.

Agora compare com a constituição dos Estados Unidos, com seus 7 artigos.

Comparando de maneira simples, qual você acha que funciona mais?

Então porque as pessoas ainda querem planejar de forma meticulosa, com deadlines precisos, métricas milimétricas, e objetivos mais claros que a luz?

O que os defensores dos planos minuciosos não entendem é que nós precisamos de ordem, sim. Mas só de um pouco de ordem. Muita ordem dá cagada.

Nós precisamos de um símbolo. De uma direção geral. De um norte. De um ponto de referência. De linhas gerais. Não de um mapa com os relevos, pontos históricos, mala viária, hidroviária, ferroviária, aeroviária, etc.

Um mapa com muita informação não deixa a gente ver onde a gente quer chegar. Muitos detalhes ficam sobrepostos um em cima do outro. E nós acabamos paralisados.

O excesso de ordem se transforma no caos.

Por outro lado, um mapa que nos dá a direção geral, faz a estratégia acontecer sem a gente perceber.

Um mapa que nos diga que “temos que ir mais pra leste”, nos mobiliza, e a estratégia pra ir mais pra leste, acontece sem a gente perceber – mesmo se antes de ir mais pro leste, a gente precise ir para o norte.

Isso porque agir é melhor do que planejar.

Ação é melhor que planejamento

Claro que agir é melhor que planejar.

Afinal, você sabe o que precisa fazer. É muito mais fácil você saber 7 artigos da constituição do que 245.

Logo, é muito mais fácil levar 7 artigos em consideração, do que 245.

E isso é um problema no Brasil. Se a gente pegar as nossas leis, tem um calhamaço de coisa que nos deixa paralisado. A gente não consegue sair do lugar por que precisamos levar toda a legislação em conta.

Isso se chama burocracia, e isso impede o progresso – por excesso de ordem.

O excesso de ordem impede a gente de agir.

A estratégia de uma organização não é a análise e planejamento do futuro. É a ação e a execução, com base nos símbolos que dão um “norte” pra empresa.

E é claro. As estratégias que são orientadas para a ação tem mais improvisação do que planejamento.

A Moral da História

Afinal, porque improvisar é melhor do que planejar?

Simples, porque fazer é melhor do que não fazer.

Quem muito planeja, analisa, constrói cenários, etc, acaba borrando e escondendo as linhas gerais da estratégia por detrás de detalhes idiotas.

Pense em um cruzamento com um sinaleiro. É claro que você, como prefeito da cidade, poderia instalar placas que mostrassem para onde você vai se for reto. Mas nunca deveria colocar essa placa na frente do sinaleiro.

De nada adianta você saber mais do que vai acontecer no futuro, se no instante imediato você não sabe se o sinal tá vermelho ou verde.

Querendo dar mais ordem, mais organização para o trânsito, você acabou complicando a vida de todos. O mesmo acontece nas empresas.

Se eu pudesse resumir esse artigo inteiro em uma só frase, seria:

Muito planejamento paralisa todo mundo. Um pouco de planejamento, só a linha geral e o objetivo geral, habilita as pessoas a agirem, improvisarem, e chegarem no objetivo.

A ordem criada pelo planejamento se transforma em desordem quando algo dá errado. E aí tudo dá errado.

E ao invés de agir, as pessoas voltam a planejar.

Só que quando as pessoas agem, tomam atitudes mesmo em situações incertas, improvisando suas ações, elas criam ordem, e absorvem a incerteza.

Por exemplo, talvez você estar lendo isso não fosse planejado. Aconteceu.

E eu tenho certeza que mudou a sua visão. Muito dificilmente você já leu algo de Karl Weick sobre improvisação.

Você pode ter lido Porter, Mintzberg, Rumelt, etc. Mas Weick, nah. Ninguém gosta do Weick.

Mas isso pode ter feito sentido pra você. E se fez, eu quero te fazer um convite.

Não é só pra empresas que a ação é melhor que o planejamento. Para nós, pessoas de carne e osso, também. A escola de psicologia positiva nos diz isso.

Então eu tenho uma ação pra você aqui, que é melhor do que ficar pensando.

Algumas pessoas recebem um email meu por semana com algumas dicas de desenvolvimento pessoal. O mais importante das minhas leituras, eu mando pra elas.

A gente bate um papo bacana, individualizado, geralmente eu respondo algumas perguntas e tal.

E essas pessoas foram as primeiras a receber o meu livro sobre estratégia. Bem diferente do que você tá acostumado a ler, hein.

Pare de planejar e pensar e tome essa ação. Faça parte desse grupo e ainda receba meu livro no teu email. Tudo de graça.

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REFERÊNCIAS

Weick, K. E. (1987). Substitutes for strategy. The competitive challenge211, 233

Taleb, N. N. (2012). Antifragile: Things that gain from disorder (Vol. 3). Random House Incorporated

Taleb, N. N., & Sandis, C. (2013). The skin in the game heuristic for protection against tail events. arXiv preprint arXiv:1308.0958

Photo by Rafaela Biazi on Unsplash

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