6 Passos pra criar uma missão que fique na cabeça das pessoas

Você que já lê minhas coisas por um tempo, sabe que eu tenho uma tendência a ler coisas muito variadas.

Eu já falei aqui de lógicas institucionais, teoria organizacional, empreendedorismo, tenho um livro grátis sobre estratégia, falo sobre psicologia, depressão, desenvolvimento pessoal, etc.

Isso acontece porque desenvolvimento humano e organizacional, como parte da administração, implora para que eu saiba um pouco de tudo.

Eu preciso saber como as pessoas se comportam, logo, eu li “As 48 Leis do Poder”, li “Influence”, li a maioria das obras em psicologia positiva, etc, fiz meu mestrado em cima de teorias sociológicas, etc, etc.

Eu também preciso saber como as organizações se comportam, então eu li tudo isso aplicado as empresas também.

E eu também preciso te dar conteúdo que seja rico para o seu dia-a-dia, então eu li os bestsellers de administração, como Peter Drucker, Porter, Kotler, etc.

Uma vertente da administração que tem me agradado muito é o marketing. E não o marketing do Kotler. Mas sim o marketing “soft”, de como fazer mensagens ficarem na cabeça das pessoas. Mais publicidade do que marketing, na verdade.

Eu também tenho lido muito sobre como escrever melhor. Sobre como vender melhor, sobre como me comunicar melhor com você.

Enfim. É um arcabouço legal de coisas que eu tenho pra passar pra você, e recentemente eu percebi uma coisa que me arrepiou os pelos do braço.

Eu sempre falo sobre a missão das empresas, que é a primeira e a última coisa que seus funcionários precisam se lembrar. Mais do que o passo a passo do planejamento estratégico, mais do que as planilhas do balanced scorecard, mais do que o seu portfolio de produtos e serviços.

A missão é o propósito da empresa. Mas ninguém vai entender seu propósito, ou lembrar dele, se ele for escrito de uma maneira meio “meh”.

Uma missão “meh” é aquela que você lê e não entende nada.

Tipo a missão da Natura, uma puta empresa, mas com uma missão “meh”.

Nós somos a Natura. Inspirados por nossa essência e com a proximidade que temos com a natureza, com a ciência, e com a tecnologia, nós nos propomos a ampliar e mobilizar nossa rede de relações em busca de soluções criativas que promovam uma vida com beleza, prazer, e sustentabilidade, ao mesmo tempo.

Mas Caio, como eu crio uma missão, ou qualquer mensagem, que fique na cabeça das pessoas??

1) Simplicidade

Uma missão de tantas linhas assim, cara. Quem se lembra dela?

Se eu pedisse pra você fechar o site agora, e perguntasse pra você daqui 5 minutos qual é a missão da natura, vc diria que é algo relacionado à sustentabilidade e beleza. E o resto?

Não importa o resto? Então porque que o resto tá ali?

Já pensou porque provérbios e coisas que a tua vó falava duram tanto? Tipo “onde tem fumaça, tem fogo”, ou “melhor 1 na mão do que 2 voando”?

Simplicidade. Grandes mensagens passadas adiante em uma frase.

2) O Inesperado

Eu entendo, você pode estar lendo e pensando “pô, como eu vou ser inesperado na minha missão”?

Pense assim, qual será a missão do Starbucks? Fazer café?

Não. A missão do Starbucks é “nutrir o espírito humano”.

Mais do que trocadilhos como “combustível para pessoas”, como “taquicardia após o segundo gole”. Nutrir o espírito humano é inesperado para uma empresa que vende café e uns pãezinhos.

3) O Concreto

“Nutrir o espírito humano” te mostra, ou melhor, faz você imaginar uma coisa muito concreta: Nutrição.

Você quase se imagina comendo e tomando um cafezinho no café da manhã ou em um lanchinho de tarde.

Mas pode ser melhor. “Alimentar” o espírito te dá uma boa visão do espírito sendo alimentado com garfo e faca. 

Um pássaro na mão vale mais que dois voando te leva a imaginar o pássaro na mão, e os dois voando no céu. A gente é melhor em imaginar coisas tangíveis e concretas do que meros idealismos.

4) Credibilidade

Em tempos de campanha eleitoral, isso é bem notável. A gente vê vários políticos “prometendo” as mesmas coisas de sempre. Mas que credibilidade políticos tem?

Zero. Eu odeio políticos.

Ódio político à parte, para ganhar credibilidade de um público, muitos dirão para usar estatística. Afinal, “os números não mentem”.

O problema é que todo mundo usa estatística, e as coisas ficaram meio nebulosas, porque os números podem não mentir, mas quem fala sobre os números mente muito (vide Ciro Gomes).

Então o enquadramento com números precisa ser diferente, e precisa ser sentido pelo público. Uma pergunta como “você acha que alguma coisa mudou nos últimos 4 anos?” já ganhou as eleições nos Estados Unidos.

Porque essa pergunta condensa TODAS as estatísticas em uma só. Não importa o que aconteceu, ou o que os números falam. A única maneira de ter credibilidade é fazer o seu público pensar que a ideia de pensar em uma determinada maneira foi dele mesmo, não tua.

A hora que você convencer as pessoas que “comprar” a sua missão foi ideia delas, e não sua, sua missão foi cumprida. Em ambos os sentidos.

5) Emoções

Por que nós ficamos tão tocados com histórias individuais de sofrimento, fome, tristeza, e pobreza? E mesmo assim esquecemos voluntariamente que na África isso acontece com milhões de pessoas?

Por que “a morte de um é uma tragédia, e a morte de um milhão é uma estatística”?

Estatísticas não são emocionantes. A gente se emociona com pessoas, não com estatísticas.

É muito mais fácil vender alguma coisa (uma missão, por exemplo) que apela pro individual, pro coletivo próximo (como família), do que pra uma sociedade inteira.

6) Histórias

As nossas cabeças são pré-programadas para ouvir e interpretar histórias.

Chapeuzinho Vermelho, a Branca de Neve, Cinderella, etc, etc, contam uma história que ninguém mais esquece. As melhores piadas são histórias.

Por isso as pessoas estão loucas pela disciplina de “storytelling” pra aprender como vender mais.

Histórias, segundo as teorias sociológicas, nos dão scripts para ação. Ou seja, elas falam como a gente deveria agir em determinadas situações.

E francamente, as melhores propagandas que eu já vi na minha vida contam uma história.

As melhores missões contam uma história, geralmente a visão do fundador, há anos atrás, que permanece até hoje.

Veja o KFC, que tem como logomarca o fundador. McDonalds também, preserva o nome original. Histórias passam credibilidade, porque mostram que a marca resistiu ao tempo, então ela só pode ser muito boa.

A Moral da História

Como criar uma missão que fique na cabeça das pessoas?

Bom, aqui eu te mostrei 6 maneiras:

  1. Simplicidade
  2. O Inesperado
  3. O Concreto
  4. Credibilidade
  5. Emoções
  6. Histórias

É impossível juntar todas as seis em uma só, cara. O simples fato de juntar as 6 em uma só vai contra a simplicidade.

Mas você precisa usar pelo menos 2. Use histórias emocionantes e simples. Use o inesperado de maneira concreta e emocionante. Enfim, você entendeu.

Uma vez, eu fui em um grande grupo educacional, aqui em Curitiba. Eles tem escolas e uma faculdade. Quando eu perguntei a missão deles, eu fiquei impressionado, porque todo mundo sabia de cor.

É claro. A missão deles, como grupo educacional, é:

Educar para uma sociedade mais justa, sustentável, e feliz.

Simplicidade (8 palavras) de maneira concreta (educar) e com emoção (feliz) que apela para uma coisa da qual todos fazemos parte (a sociedade).

Missão cumprida.

Você pode aplicar esses 6 “princípios” a qualquer comunicação que você faz. Como professor e palestrante, eu tento sempre aplicar isso em tudo que eu falo. Inclusive aqui.

Afinal, é muito difícil fazer as pessoas se lembrarem da mensagem principal de cada texto.

Mas quando a mensagem é forte o suficiente, ou seja, quando ela é realmente valiosa pras pessoas, ela automaticamente vai ser lembrada por todo mundo.

Principalmente se ela tem uma aplicação prática, imediata, e dá uma melhorada boa na vida da galera.

Isso é o que eu faço nos emails que eu mando semanalmente pro pessoal que tá na minha lista.

Eu sempre mando dicas sobre desenvolvimento humano e organizacional pra eles. Toda semana. A gente conversa bastante, e eu aproveito para dar umas dicas que cabem pra vida pessoal deles.

Você tá aqui procurando se desenvolver, certo? Então o próximo passo natural é esse.

Clique Aqui para fazer parte!

REFERÊNCIAS

Heath, C., & Heath, D. (2007). Made to stick: Why some ideas survive and others die. Random House

Berger, J. (2016). Contagious: Why things catch on. Simon and Schuster.

Photo by Patrick Perkins on Unsplash

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