Como saber se a sua profissão vai morrer em 10 anos?

Não se assuste, tem uma saída.

Eu sempre me impressiono muito com a capacidade que humanos tem de inventar coisas novas que facilitem a vida do consumidor. A tecnologia e as organizações sempre ganham do governo nesse sentido.

Se a gente dependesse sempre do governo para fazer as coisas, estaríamos muito mal. Provavelmente você não estaria lendo isso, porque a Internet seria apenas um projeto, e o Google não existiria. Ou o Facebook. Ou o Linkedin. Enfim.

O problema é que organizações, principalmente aquelas listadas na bolsa de valores, tem um único objetivo em mente: arrecadar fundos na bolsa para fazer coisas novas e melhores.

E com isso vem o corte de custos, os investimentos em tecnologia, inovação, e desenvolvimento, que provavelmente, em alguns anos, tirarão o emprego da rapaziada.

Isso nunca aconteceria em um mundo sem organizações.

É claro que podemos esperar coisas muito melhores por vir. Impressoras 3D já fazem peças de carro e de avião, cara. Em 10 anos, quem sabe o que elas vão fazer?

Afinal, há 10 anos atrás, você não teria um smartphone no seu bolso. Nem uma conta no facebook. Muito menos pensaria em trabalhar em home-office.

O problema é que esse tipo de inovação literalmente mata empregos.

Contadores, advogados e jornalistas estão sendo substituídos pelo Watson, sistema de inteligência artificial da IBM.

E é uma questão de (pouco) tempo até todos os trabalhos sejam substituídos por máquinas.

Como ter certeza, nesse cenário, que o seu trabalho não será substituído por um robô daqui 10 anos?

Habilidades X Especialização

Eu sempre fui um cara contra a especialização, e ninguém nunca me escuta. Ninguém tá falando sobre isso.

Veja, especialização do trabalho é uma coisa bem antiga, e data do começo de 1900, com a Ford. Já passou mais de 100 anos, cara.

A especialização restringe as suas habilidades a um espectro bem limitado de coisas que você pode fazer.

E não por coincidência, especialistas são caros, porque precisam estudar muito para saberem tudo sobre determinada coisa.

E justamente por especialistas serem caros, eles serão os primeiros a serem substituídos por robôs. As empresas precisam de dinheiro, e se puderem parar de pagar especialistas para fazer as tarefas, pô, sensacional, cara.

Principalmente aqueles especialistas que trabalham sozinhos. Aquele pessoal da folha de pagamento, de recrutamento, de métricas de marketing, de contas a pagar e receber, enfim. Tudo robotizado ou terceirizado em 10 anos.

Diferentemente da aquisição de habilidades, a especialização limita, ao invés de habilitar as pessoas a fazerem coisas diferentes.

Habilidades são diferentes de especialização. Por um lado, a especialização faz você cavar mais fundo em uma única área. Por outro, a habilidade possibilita com que você tenha conhecimentos que são úteis em todas as áreas.

Liderança, comunicação, otimismo, aprendizado real, e saber escutar, por exemplo, são habilidades que qualquer pessoa pode usar, mas que nenhum computador pode – independente de machine learning ou inteligência artificial.

Reshoring e Offshoring

Além da dicotomia entre habilidades e especializações, a tendência é que mais uma coisa aconteça pra substituir o seu trabalho.

Um do grandes motivos para o desenvolvimento de países emergentes, como o Brasil e a China, foi que países desenvolvidos, como os Estados Unidos e aqueles da Europa, trouxeram suas fábricas pra cá.

É claro, a mão de obra é mais barata, e vale a pena. E a gente se desenvolveu em torno dessas empresas.

O problema é que com mais tecnologia, com mais robôs, a mão de obra se torna um fator de menos peso pras empresas. Um robô faz o trabalho de 20 funcionários e ocupa menos espaço.

Outra preocupação muito grande, portanto, é que essas fábricas fechem nas economias emergentes, e sejam “repatriadas” nos países de origem.

Como em um passe de mágica, várias pessoas ficam sem emprego do dia pra noite – inclusive aquelas com habilidades, e não especialização.

A única maneira de reverter isso é se as pessoas com habilidades consigam dinheiro o suficiente para manter as coisas no país, nem que seja com robôs. Mas mesmo assim, as pessoas com especializações, não com habilidades, continuarão desempregadas.

O trabalho como transação ao invés de relação

Provavelmente, seu pai, sua mãe, seu avô, e sua avó ficaram 50 anos na mesma empresa. Foram contratados cedo, com 18 anos, e só saíram de lá pra se aposentar. Eles tinham uma relação de afeto com a empresa onde trabalhavam.

Pra você ter noção, meu bisavô era um poeta nas horas vagas. Os gerentes das empresas que ele trabalhava (um colégio e uma indústria de cerâmica) pediram para que ele fizesse os hinos das organizações.

Isso mesmo. Hinos. E os funcionários sabiam os hinos das empresas. Olha que coisa bizarra.

O trabalho era uma fonte de identificação. A empresa que você trabalhava te definia, assim como a universidade que você estava, como a roupa que você usava, e a igreja que frequentava.

Hoje, entretanto, é bizarro pensar desse jeito. Não é porque eu trabalho numa empresa que ela me define. O problema é que a gente, como pessoa, como humano, precisa dessa identificação.

Menos e menos pessoas “vestem a camisa” da empresa atualmente. Isso porque a marcha para melhores lucros passa pela marcha por menos pessoas, e finalmente descobrimos que apenas somos úteis pras empresas enquanto produzimos.

Mais uma vez, fica a crítica para as escolas de negócio. Meus parabéns, planejadores estratégicos e gestores de pessoas. Vocês conseguiram transformar relações humanas em contratos transacionais.

Hoje você pode facilmente contratar um sobrinho de alguém pelo 99designs, upwork, fiverr, e outros para fazer toda a identidade visual da sua firma, por 5 dólares.

“Ah Caio, mas isso é simples oferta e demanda”

Claro que é. E é por esse pensamento que a gente chegou nesse ponto. A economia falhou ao explicar demais o dinheiro e de menos as pessoas.

Afinal, tem gente que ainda acha que imprimir dinheiro ou acabar com o governo (dois extremos) é a solução pra tudo.

A economia falhou, tanto conservadores quanto libertários, tanto esquerdistas quanto a direita. Ao transformar tudo em uma fórmula, deixaram de olhar as assimetrias da vida do dia-a-dia, e ignoraram os humanos e seu poder de tomada de decisão.

Hoje temos uma “nuvem humana”, uma economia on-demand. Freelancers abundam por aí porque não tem emprego. Logo, se não aparecer um “job” pra eles fazerem, a fome é a consequencia. E se não conseguirem dinheiro o suficiente de um “job”, terão que ir pro Uber.

“Ah Caio, mas isso ainda é oferta e demanda”

É sim. E com pessoas sendo deixadas de lado pelo que um economista falou que deveria acontecer sem pensar nas consequências

A Moral da História

Oferta e demanda é cruel. E entenda aqui que eu não sou de esquerda. Não quero socialismo, nem quero comunismo. Não voto no Lula, nem no Boulos, nem na Manuela Dávila. Eu sou liberal na economia e nos costumes. Mas jamais libertário. Eu voto João Amoedo.

Pensar tudo em termos de oferta e demanda nos trouxe até aqui, resultando em um artigo que diz como que você mantém o seu emprego frente a robôs que querem tomar o seu dinheiro.

Há 10 anos atrás, isso pareceria um absurdo.

Daqui 10 anos, isso vai ser normal.

Apesar de ser superficial fazer a seguinte afirmação, eu farei.

Os trabalhos que requerem habilidades provavelmente não morrerão. Aqueles que precisam de especialização, estão com os dias contados.

Trabalhos burocráticos provavelmente morrerão. Aqueles feitos de um computador também. O computador vai fazer o trabalho sozinho, ele não precisa mais de você.

Os trabalhos que precisam de interações humanas provavelmente não morrerão. O computador não consegue fazer isso pra gente, a não ser que a gente mande eles.

Hey, Siri. Abre o spotify e coloca um ACDC aí pra tocar.

Porque daqui 10 anos a gente vai estar numa highway to hell monstruosa.

Ou…

Isso vai ser tão bom que as pessoas vão precisar trabalhar menos.

Porque se for tudo bem organizadinho, todos conseguem reduzir a carga horária de serviço e continuar explorando suas habilidades.

E porque o custo de produção vai ficar mais baixo, as coisas também serão mais baratas e acessíveis para todos.

Hey, Google Now, coloca um Led Zeppelin pra tocar aí.

Porque isso pode ser uma Stairway to Heaven, com sorte.

Mas, seilá. Eu prefiro esperar. Minha missão aqui é te lembrar de uma coisa só.

Você nunca pode esquecer da tua habilidade de aprender. Afinal, não são só os computadores que aprendem, né?

Você também pode aprender, e eu tô aqui para te ensinar tudo que eu leio e que eu percebo. Afinal, eu sei que você não é um robô (apesar de ter um robozinho do google aqui no meu site vendo tudo o que eu posto pra você me achar quando procura por desenvolvimento humano e organizacional)

É pra voltar a ter contato humano, e não só postar as coisas aqui pro google, que eu tenho um pessoal que recebe emails de mim toda semana.

A gente tá sempre conversando sobre desenvolvimento humano e pessoal. Eu mando pra eles os melhores insights que eu tenho nas minhas leituras sobre psicologia positiva e sobre organizações.

Eu, assim como você, estou sempre me desenvolvendo. Não sou perfeito. Eu tô numa fase bem difícil da vida. Assim como você pode estar, mas a gente precisa ter em mente que nada é tão ruim que não possa piorar.

Pra isso a gente precisa de habilidades. É isso que eu estudo, e é sobre isso que a gente conversa por email.

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REFERÊNCIAS

Schwab, K. (2017). The fourth industrial revolution. Crown Business

Stacey, R. D. (2007). Strategic management and organisational dynamics: The challenge of complexity to ways of thinking about organisations. Pearson education

Seligman, M. E. (2006). Learned optimism: How to change your mind and your life. Vintage

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