Esperança é uma palavra muito pouco utilizada, na minha humilde opinião.
E eu digo isso porque poucos percebem a importância da esperança pra vida, pra carreira, e pra profissão.
E menos pessoas ainda sabem definir o que é esperança. Alguns dirão que esperança é a última que morre. Ou que esperança é pensar positivo. Ou ainda que esperança é uma questão de crença e fé.
Pra mim e para vários autores, acadêmicos, e pesquisadores, esperança é a chave para uma vida melhor e mais produtiva.
Como?
A Permanência das coisas ruins
Há algum tempo, na semana passada, eu compartilhei com você um artigo chamado: Como ter mais resiliência? Coisas passageiras X Coisas permanentes
Nele, eu falo que encarar as coisas ruins que acontecem com você como sendo permanentes dá ruim pra você.
Isso porque quando você explica para você mesmo que uma falha, um fracasso seu é permanente, ele se torna um tipo de profecia auto-realizável. Ou seja, você acredita tanto, que vira verdade, porque todas as suas ações levam a isso.
Se você acredita que você não é bom o suficiente para fazer alguma coisa, você muito provavelmente nunca será, porque já colocou na sua cabeça de que você não é capaz.
Você transformou a sua falta momentânea de capacidade, ou de habilidade, em uma coisa eterna.
Vejo muitas pessoas fazerem isso com a leitura. Muitos falam que não gostam de ler, e transformam um cansaço, uma preguiça, uma desistência de ler um livro nas 50 primeiras páginas em um fato eterno e imutável.
O mesmo acontece com a matemática, com qualquer tipo de estudo. A incapacidade momentânea de estudar, de aprender, de ter disciplina, se transforma em uma coisa permanente.
É evidente que a essa generalização de eventos momentâneos em algo permanente está intimamente ligada à sua capacidade de ter esperança.
Se você “não gosta de ler”, suas esperanças de fazer um mestrado ou um doutorado estão acabadas.
Se você “não gosta de aprender”, suas esperanças para viver uma vida melhor estão acabadas.
O grande segredo nessa parte, nessa “variável” da esperança está em aprender a atribuir causas passageiras para as suas falhas, para os seus fracassos.
Você não lê porque está cansado, porque não é a sua prioridade no momento, ou ainda porque você pegou um livro muito difícil para começar. Não porque você não gosta de ler.
Você não é burro ou estúpido. Você tá cansado e estressado. Nada que uma boa noite de sono não resolva.
A Generalização das coisas ruins
Outra dica que eu compartilhei na semana passada que está intimamente relacionada com a esperança é a habilidade de generalizar o otimismo, mas nunca o pessimismo.
No artigo Como Generalizar o Otimismo te Transforma numa Pessoa mais Feliz, eu mostrei pra você que você deveria fazer com as coisas boas aquilo que tantas pessoas fazem com coisas ruins.
Pegue uma prova que você foi super bem, por exemplo, e generalize os efeitos dela. Você vai bem em todas as provas, não só em uma.
Pegue um dia que você foi fantástico no trabalho, e generalize ele. Todos os dias você é fantástico no trabalho. Não foi só um dia.
Agora, com falhas e fracassos, você deveria fazer o contrário. Atribuir causas específicas para eles.
Se você foi mal numa prova, foi só naquela prova, porque você geralmente vai muito bem em provas.
Se você um dia foi mal no trabalho, é porque estava cansado. Você geralmente é fantástico no trabalho.
A maioria das pessoas encara as coisas de maneira pessimista, e a esperança é a primeira que morre nesses casos.
A maioria das pessoas encara um dia ruim no trabalho como uma falha monstruosa, que vai determinar a demissão dela no curto prazo, a a incapacidade dela em conseguir um novo emprego.
A maioria das pessoas encara uma prova ruim como a inabilidade de fazer provas, como a ineficiência dos estudos, e a consequente burrice e estupidez eternas.
Não seja assim, bicho. Você tá lendo isso daqui agora e tá entendendo tudo. Você não é burro, nem incompetente. Você só não estava preparado para as situações quando você fracassou.
A esperança de que tudo é passageiro e específico
A definição de esperança é muito parecida com a definição de tempo. As duas são intangíveis, fenomenológicas, e apenas sentidas emocionalmente.
Santo Agostinho de Hipona dizia:
Eu sei o que o tempo é. Mas se alguém me pergunta o que é o tempo, eu não sei mais o que o tempo é.
O mesmo acontece com esperança, então eu vou te dizer aqui o que é a esperança.
A esperança é a “soma” dos seus pensamentos sobre a passagem e a especificidade das coisas ruins que acontecem com você.
Em termos práticos: se você acredita que as suas falhas e fracassos são permanentes e universais, você não tem esperança.
Sem esperança você fica em uma espiral venenosa, que te carrega para baixo e te paralisa, porque todos os seus fracassos prejudicam as suas atividades futuras de maneira permanente.
Você não gosta de ler. Você não gosta de matemática. Você não gosta de estudar.
Agora, se você acreditar e explicar para você mesmo que os seus fracassos tem origens específicas e únicas, e que eles são passageiros, ou até já passaram, você tem esperança de que as coisas podem melhorar.
Você tem esperança para tentar mais uma vez aquela prova para tirar uma certificação.
Você tem esperança e tenta fazer diferente, porque o você de hoje é diferente do você de ontem. Você hoje tá mais preparado, mais maduro, mais inteligente, e com mais vontade.
É relativamente simples, não é?
A moral da história
No começo do texto eu prometi que eu ia explicar como que a esperança te torna mais produtivo. Chegou a hora.
Vamos a um passo a passo.
- Você precisa acreditar e explicar para você mesmo que a causa das coisas ruins são passageiras.
Isso significa atribuir causas momentâneas e de situação para os seus fracassos. Você bateu o carro porque você estava distraído, e não porque você É distraído. (Distinção importante entre ser e estar, um é permanente, outro é momentâneo).
- Você precisa acreditar e explicar para você mesmo que a causa das coisas ruins são específicas.
Isso significa atribuir causas pontuais para os seus fracassos. Você bateu o carro porque estava com sono naquele dia, não porque é um péssimo motorista.
E como isso te torna mais produtivo?
É maravilhoso explicar isso, cara.
Eu era um jovem de 24-25 anos quando eu comecei a estudar essas coisas. Eu tinha 140kg, era burro, odiava ler, e achava que seria medíocre para o resto da vida.
Desde criança eu fui gordo, e achava que era uma coisa permanente e universal. Que eu sempre seria obeso e que isso era imutável.
Desde criança nunca tinha lido um livro inteiro, e achava que era uma coisa permanente e universal. Sempre que começasse um livro, não iria acabar de ler, porque perdia a motivação.
Desde criança nunca tinha achado o meu propósito, e achava que era uma coisa permanente e universal. Sempre que tentasse achar um propósito, faria uma cagada que acabaria comigo.
Eu mudei tudo isso pensando dessa maneira. Os cientistas e pesquisadores em psicologia positiva me ajudaram a fazer isso, principalmente Martin Seligman, Carol Dweck, e Angela Duckworth.
Se eu sou alguém hoje que tem disciplina, que não desiste, que toma soco na cara mas levanta logo em seguida, que acorda as 4.30 da manhã pra escrever isso aqui pra você, que tenta passar no doutorado, responde a críticas sobre o meu trabalho, tenta diariamente coisas novas, é por causa desses 2 ensinamentos.
- Acreditar que fracassos são temporários
- Acreditar que fracassos são específicos.
Quando você muda a lente, e explica para você mesmo que tudo passa mais rápido do que você imagina, e de que você pode se esforçar mais para fazer as coisas, bicho, parece mágica.
É difícil. Tem que ter garra. Tem que querer. Essa é a chave. Eu resumi mais de 20 anos de pesquisa em psicologia positiva em 1400 palavras pra você. Ninguém disse que seria fácil.
Mas é o que tem aí. Se você estiver preparado, pode começar.
E conte comigo.
Eu gosto de manter uma relação próxima com você. Você é muito importante pra mim, cara.
Você é a razão pela qual eu escrevo aqui todo dia. É em você que eu penso quando eu passo 2 horas por dia escrevendo coisas aqui.
Eu, que me julgava um incompetente para o resto da minha vida consegui mudar, então qualquer um consegue.
E eu tenho como missão de vida ajudar as pessoas a fazer isso, a virar essa chave, e seguir em frente.
Se você quer isso realmente, está disposto a começar, pô, eu tenho um convite pra vc, cara.
Eu mando um email por semana pra um pessoal que nem você, que quer melhorar a vida de um jeito que realmente funcione.
Porque todo mundo sabe que apenas pensar positivo e assistir palestra motivacional não adianta pra ninguém.
Essa galera fala comigo todos os dias, e eu respondo todos os emails deles. Nossa troca é bem legal, e é isso que me faz feliz. É de graça, eu não cobro nada por isso.
Eu me sinto muito grato por ter tanta gente que confia em mim assim.
REFERÊNCIAS
Seligman, M. E. (2006). Learned optimism: How to change your mind and your life. Vintage.
Dweck, C. S. (2008). Mindset: The new psychology of success. Random House Digital, Inc
Duckworth, A. (2016). Grit: The power of passion and perseverance (Vol. 124). New York, NY: Scribner
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