O que tá faltando pra 90% dos CLTs?

Não é dinheiro. Mas eu reconheço que a maioria das pessoas que está lendo isso daqui merece ganhar mais. 

São poucos os celetistas que buscam desenvolvimento pessoal, e se você tá lendo isso daqui, meus parabéns. Você não é um celetista. É um empreendedor. E uma coisa não exclui a outra, não.

A diferença entre o empreendedor e o celetista não é que um é rico e outro está trabalhando pra uma empresa. Negativo.

O empreendedor é um celetista evoluído. Ele tem o que tá faltando para 90% dos celetistas.

Essa reportagem da Gazeta do Povo dá a dica, mostrando o que tá errado. 1 trabalhador dos Estados Unidos equivale a 4 trabalhadores brasileiros 

A partir de agora, vamos ver o que tá faltando pra 90% dos celetistas serem mais produtivos.

Sabendo disso, você pode aplicar isso no seu negócio e na sua carreira. São coisas universais, que tem mais a ver com comportamento humano do que com planejamento estratégico.

Propósito

A maioria das pessoas trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, trabalha, e só ganha o salário no final do mês.

Elas trocam tempo e esforço por dinheiro.

Assim como elas vão pra igreja, ou pra qualquer lugar de culto, pra receber a salvação e perdão, ao invés de irem por fé.

Ou estão com suas famílias por um mero hábito, ao invés de amarem a companhia.

Ou vivem no Brasil porque tem preguiça de se mudar, ao invés de sentir orgulho.

A maioria das pessoas está insatisfeita com o trabalho, com a religião, com a família, com o governo, com elas mesmas. 

E a grande causa para a falta de satisfação com a vida em geral, é porque que algumas pessoas tem uma vida onde: acordam, vão pro trabalho, comem, voltam pro trabalho, voltam pra casa, comem, assistem tv, dormem, e repetem tudo de novo, até chegar a sexta feira.

Essas pessoas, como diria Clóvis de Barros Filho, tão esperando a morte chegar, porque torce, como loucos pra sexta feira chegar, porque é a única maneira de quebrar esse ciclo.

Isso acontece principalmente porque falta propósito. 

E por propósito, entenda o conceito de “porque você faz o que faz”, e dinheiro nunca é um bom propósito. Dá uma olhada na vida do Brasileiro médio:

  • Trabalha porque quer ganhar dinheiro
  • Assiste TV porque tá cansado de trabalhar pra ganhar dinheiro
  • Gasta dinheiro porque quer ter mais conforto pra assistir TV
  • Gasta dinheiro porque quer fugir da rotina de segunda-a-sexta

Você acha isso sustentável?

Qual o propósito disso? 

O resultado eu sei. Temos uma massa de pessoas que não estão a fim de trabalhar, e só trabalham porque precisam.

E não se engane. Você pode até argumentar que todo mundo trabalha porque precisa, como o lixeiro, o pedreiro, o sapateiro, e o barbeiro.

Mas para todos existe um propósito por trás da profissão que pode ser enquadrado de maneiras diferentes.

Você já se imaginou sem coleta de lixo, sem casa para morar, sem sapato pra andar, e sem um corte de cabelo? Seria o caos e o mundo pararia.

Toda profissão tem seu propósito, e cabe ao chefe, ao líder, comunicar.

Relacionamentos e Comunidade

Entra a velha frase de que “seres humanos são seres sociais”. Isso é velho, mas largamente subestimado por todos.

Já tivemos evoluções nos últimos tempos. As salinhas individuais de cada um estão quase extintas, ainda bem.

Hoje mais do que nunca podemos nos sentir em uma comunidade trabalhando em uma empresa. Podemos sentir orgulho de fazer parte de um empreendimento que contribui para outras pessoas viverem melhor.

Mas se o propósito não existe, esse parágrafo acima pode ser facilmente substituído por atividades automáticas no melhor estilo tempo=dinheiro, onde o trabalho é uma transação comercial, não um relacionamento e a entrada em uma comunidade.

E é simples criar uma comunidade com relacionamentos ricos e que geram coisas intangíveis e imensuráveis. E grande parte das empresas não tem comunidades e relacionamentos porque administradores tem medo daquilo que é intangível e não pode ser medido. 

Já falei aqui, mas nunca me cansarei de repetir. Einstein era quem dizia que “nem tudo que conta pode ser contado, e nem tudo que pode ser contado, conta”. O fetiche por números e métricas não pode ser aplicado a propósito, a relacionamentos, e ao terceiro fator que falta em 90% do celetistas.

Religiões, governos, e famílias, instituições que geram esse senso de comunidade nas pessoas, nunca mediram a “força da correlação entre pessoas”, ou a “proximidade dos nós de relacionamento”.

Elas apenas tinham um propósito que unia as pessoas, e o resto aconteceu naturalmente.

Por último, mas não menos importante…

Disciplina

Angela Duckworth diz que a disciplina não é uma coisa especial que vem de dentro, que está em você quando você nasce, que é uma coisa que poucos tem.

Disciplina é um hábito.

Infelizmente, essas palavras tão fora do vocabulário de 90% dos celetistas.

Afinal, o salário no final do mês é o mesmo se trabalhar bem ou mal. Se fizer um projeto diferente ou não. Se fizer uma reunião a mais ou a menos.

Perceba que o erro não é da pessoa. Ela tá presa nisso e provavelmente não consegue ver o que tá acontecendo. É uma hipermetropia, elas não conseguem enxergar de perto.

Quem, por livre e espontânea vontade, ficaria preso nesse ciclo de trabalhar das 8h às 18h, comer e dormir, esperando o final de semana chegar?

O que falta é um chefe que dê propósito para essa pessoa, engaje ela com relacionamentos positivos dentro da organização, e ofereça maneiras para sair da mesmice.

A igreja tem cultos todo domingo de manhã por um motivo. A família se aproveitou disso e faz almoços de domingo para reunir todo mundo. O governo criou feriados para tudo isso dar certo.

Precisamos de um propósito e de uma comunidade para ter disciplina. É muito difícil (mesmo que 1000% possível) uma pessoa ter disciplina sem isso.

A Moral da História

A cada dia que passa, mais celetistas entram pra essa estatística dos 90%.

Eles procuram distrações na televisão, nas baladas, nas drogas, no álcool, nas roupas que vestem, nas coisas que fazem, em superficialidades, para tentar achar e comunicar o propósito deles.

Eles procuram coisas que os conectem aos outros para formar relacionamentos, porque não conseguem conceber que o trabalho seja uma maneira viável de conectar pessoas. Afinal, em um trabalho sem propósito, o que os conectaria?

E sem conexões humanas e propósito, a pessoa vira uma samambaia. Durante o dia trabalha pra fazer fotossíntese, e durante a noite consome “poluição” e dorme.

É função do chefe, do líder, do responsável, do CEO, do CHRO, de quem quer que seja o cara ou a moça que toma conta do negócio dar um sentido para o trabalho dessas pessoas.

E essa é uma das missões mais fáceis de um líder, cara. E em adição, vai gerar uma porrada de benefícios.

É a função do líder premiar a disciplina por meio do reconhecimento do esforço dos funcionários. 

É a função do líder transformar o negócio numa casa para aqueles que valorizam isso. Numa igreja para aqueles que valorizam isso. 

Em outras palavras, é função do líder transformar o negócio em uma comunidade, em um coletivo que vai transformar um negócio qualquer em um lugar especial construído por pessoas especiais.

Se o líder ele mesmo não consegue ver o propósito no que faz, feche a empresa porque não vai rolar.

Quer um exemplo? Meus colegas empreendedores sempre reclamam que o facebook diminuiu drasticamente o alcance das publicações das páginas. Só 2% das pessoas vêem o que uma página publica.

É claro, cara. O Facebook é uma das maiores empresas do mundo porque o propósito deles é conectar pessoas. É compartilhar o que aconteceu na sua vida com a sua comunidade,  e por trás disso compartilhar o seu propósito. O propósito do Facebook não é vender propaganda. 

O google segue a mesma linha. O propósito do Google é facilitar a tua vida. E eu tenho certeza que eles facilitam muito a tua vida na internet, começando pelo navegador que você tá usando, ou sistema operacional, ou provedor de email, ou por qualquer coisa que você busca na internet.

Como diria Gary Vaynerchuck, “você não comprou um tênis da NIKE porque eles fizeram um retargeting em você depois que você saiu da loja deles e abandonou o carrinho. Você comprou um tênis da NIKE por causa da MARCA”.

É a marca quem comunica o propósito, os relacionamentos e a disciplina. JUST DO IT é uma afirmação muito forte, cara.

Métricas são limitadas, e a cada dia que passa, vejo mais pessoas preocupadas em medir quem cospe mais longe.

Nós somos levados a nos preocupar com o número de likes, de seguidores, de amigos, de diplomas, de páginas, de vendas, de alcance, etc, etc, etc.

Mas a gente acaba se esquecendo que um cliente vale mais do que 10.000 likes – uma vez que não adianta nada ter 10.000 likes se nenhum deles é um cliente.

A gente acaba esquecendo que um amigo vale mais que 1000 amigos no facebook – uma vez que não adianta nada ter 1000 amigos no facebook se você está almoçando sozinho todo dia.

90% da população e dos celetistas estão se preocupando com as coisas erradas. As prioridades estão nos números, quando deveriam estar no propósito, nos relacionamentos, e na disciplina.

Mais uma vez, meus parabéns se você não se preocupa com essas coisas. Você faz parte de um grupo que tem propósito, relacionamentos, e disciplina.

E aproveitando isso, eu criei um grupo de pessoas que tá constantemente procurando desenvolvimento pessoal e profissional. 

Você sabe que eu trabalho com desenvolvimento humano e organizacional, então se você leu isso e gostou, tem muito mais te esperando.

Eu mando emails para esses caras nesse grupo, e dou o meu melhor pra ajudá-los a atingirem os seus objetivos. Não precisa pagar nada pra isso.

É uma conversa franca, por email, comigo, todo dia – apesar de eu mandar só um email por semana.

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REFERÊNCIAS

Vaynerchuk, G. (2011). The thank you economy. New York: Harper Business

Duckworth, A. (2016). Grit: The power of passion and perseverance (Vol. 124). New York, NY: Scribner

Gerber, M. E. (2005). The E-myth revisited. Harper Collins Publishers

Photo by Steven Houston on Unsplash

 

 

 

 

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