Como Generalizar o Otimismo te Transforma numa Pessoa mais Feliz

Eu tô lendo bastante sobre otimismo e pessimismo. Você sabe que o que eu escrevo aqui é um reflexo do que eu leio.

E eu tô escrevendo sobre isso porque tenho certeza de que você é culpado de não pensar de maneira totalmente otimista. 

Eu vejo a minha vida como exemplo. A cultura do Brasil ensina a gente a ser pessimista, e pensar que coisas que acontecem na política vão afetar tudo que acontece dentro do país, por exemplo.

Temos pessoas maravilhosas nesse país, cara, mas mesmo assim, a preocupação com as decisões políticas muitas vezes trava essas pessoas maravilhosas.

Uma vez, em uma palestra, uma pessoa me perguntou: “Caio, como eu faço pra abrir uma empresa com tanto imposto, tanta burocracia, tanta papelada e coisa pra pagar?”

Veja, o cara que me fez essa pergunta é um empreendedor. Ele quer abrir uma empresa, mas os aspectos políticos derrubaram ele. Ele desistiu antes mesmo de tentar.

Você precisa perceber que a política, os fatores econômicos, a burocracia, e outras coisas que você não controla, não podem te impedir de fazer o que você quer. E é disso que a gente vai falar aqui.

Uma história pra contextualizar

Vamos pegar o exemplo que o Seligman dá pra gente. 

João e Maria trabalham numa empresa de contabilidade. O país tá numa crise violenta, e metade dos contadores são demitidos. O João e a Maria agora não tem mais emprego e não trabalham mais em lugar nenhum.

Os dois receberam o comunicado de demissão ao mesmo tempo.

O João chorou, se julgou incompetente por não ter sido escolhido para ficar. A Maria também. 

Mas logo de noite, a Maria já estava com a sua família, jantando na mesa, como se nada tivesse acontecido. Ela conseguiu separar muito bem a coisa que aconteceu no trabalho das coisas que acontecem em casa.

Eu sei, é impossível separar uma coisa da outra. A Maria estava triste, é claro. Mas ela tinha consciência de que ela era a mesma pessoa para a sua família, apesar de ter sido rejeitada na empresa

Por outro lado, o João não jantou com a família naquele dia. Ele ficou no quarto. Por uma semana inteira. 

Enquanto a Maria continuava a sua vida, com a mentalidade de que “beleza, eles me demitiram, mas minha família e meus amigos não me demitiram”, o João tornou a demissão um aspecto universal, geral da vida dele.

O João parou de ler, parou de ir pra academia, parou de ver pessoas, parou de cuidar da alimentação, e voltou a fumar. Enquanto isso, a Maria continuou a vida dela fora do escritório – triste, é claro, mas as coisas continuam

A generalização do pessimismo

O que causou a depressão do João? Será que ele nasceu com algo errado, ou será que a demissão dele fez ele pensar de um jeito que levou ele a ser depressivo?

Sabe aquela conversa que você tem com você mesmo dentro da sua cabeça? Aquela conversa onde você explica tudo o que aconteceu de uma maneira racional? Então.

O João explicou para ele mesmo a sua demissão como se fosse um aspecto geral, universal da vida dele. 

O João pensou que isso ia queimar a CLT dele, e que todos os empregadores iriam ver que ele foi demitido. Ele pensou que a família dele ia olhar pra ele com um tom de rejeição, porque se ele foi demitido da firma, ele não deve ser muito bom.

O João pensou que os amigos iam saber, e logo, logo a notícia iria se espalhar pelo Brasil inteiro. E todos iam rir dele e falar sobre a incompetência dele.

E como o João já tava perdido, entra o famoso adágio brasileiro: “tá no inferno, abraça o capeta”.

E assim, toda a vida, a dieta, a saúde, a família, os amigos do João entram em colapso.

Três meses depois, o João recebeu uma carta da empresa que demitiu ele, pedindo para ele voltar como funcionário temporário. Qual foi a explicação dele?

  • Eles não conseguiram fazer as coisas sem mim
  • Eles devem estar realmente necessitados.

A Generalização do Otimismo

Não se engane. A Maria ficou tão abalada quanto o João!

Mas por que ela não entrou em um comportamento auto-destrutivo que nem ele?

Simples, porque ela explicou a demissão para ela mesma de um maneira diferente.

Ela sabe que as coisas ruins tem causas específicas. Ou seja, se ela foi demitida, não significa que ela é ruim. Significa que ela poderia ter sido melhor no trabalho.

Ela não deixou o rótulo de “demitida” tomar conta da vida dela. Ela não se deixou rotular. Ela pensou de uma maneira diferente, e concluiu que isso tem conserto, e que da próxima vez ela estará mais preparada.

E para se preparar melhor, ela começa a estudar mais. Ela aproveita o tempo livre da demissão para fazer cursos e ler livros. Ela aproveita o tempo livre para ficar mais com a família, fazer contato com os amigos, para mandar muitos currículos.

Três meses depois, a Maria recebeu uma carta da empresa que demitiu ela, pedindo para ela voltar como funcionária temporária. Qual foi a explicação dela?

  • Eles não conseguiram fazer as coisas sem mim
  • Eles devem estar realmente necessitados.

A Moral da História

Você pode explicar as coisas ruins que acontecem com você generalizando elas, ou cuidando para elas não se espalharem pela sua vida.

Da mesma maneira da dimensão temporal, que falamos aqui, a dimensão de generalização é uma que pode acabar com a sua vida, ou fazer você alcançar alturas que nunca havia imaginado.

Seligman diz:

As pessoas que fazem explicações universais para suas falhas desistem de tudo quando falham em uma área da vida.

Isso significa que as pessoas podem ter duas respostas a uma demissão, a uma falha na vida:

  • Se sentir um cocô nessa área em particular na vida
  • Se sentir um cocô na vida

Causas universais, generalizadas estão por aí, e você com certeza já deu causas universais para problemas específicos.

  • Você já pensou que todos os professores são injustos porque um deles foi injusto com você.
  • Você já pensou que você era incompetente em tudo porque uma pessoa disse que você era incompetente em alguma coisa
  • Você já pensou que livros são inúteis quando você leu um livro inútil

Esses comportamentos e pensamentos aqui de cima são altamente pessimistas, e são aqueles, segundo Seligman, responsáveis pela depressão.

Como mudar isso, então?

Os otimistas pensam de maneira fundamentalmente diferente:

  • Eles pensam que porque eles foram bem em um projeto, eles irão bem em todos os projetos que quiserem
  • Eles pensam que porque algo deu certo no trabalho, todas as coisas vão dar certo em todas as áreas
  • Eles pensam que porque a cara-metade elogiou a roupa, todo mundo vai amar a roupa.

Eles fazem o contrário dos pessimistas, cara. Eles pegam coisas boas que aconteceram em uma área específica, e generalizam isso para todas as áreas da vida.

Se eles escrevem bem, por exemplo, eles pensam que todo mundo gosta deles.

Porque é claro que se eles escrevem bem, eles também falam bem. Logo, eles se comunicam bem, então todo mundo gosta deles, eles são muito legais.

E se alguém critica a escrita deles, a reação não é parar, deitar em posição fetal, e chorar. Pelo contrário, é pegar um livro sobre storytelling, e aprender mais sobre como escrever bem.

Os pessimistas, a maioria de nós, por outro lado, pensam ao contrário de tudo isso.

Se eles escreveram alguma coisa ruim, só pode ser porque eles são péssimos comunicadores. E se eles não sabem se comunicar, é claro que ninguém gosta deles.

E a única resposta possível é se isolar. Porque ninguém gosta deles.

Escrevendo assim pode parecer meio louco. Você pode se perguntar: “mas Caio, quem vive assim?”

Bicho, muita gente vive assim. Principalmente aqueles que são reconhecidos como perfeccionistas. Eles são perfeccionistas por um motivo: a crítica dói, machuca, fere.

É por isso que eu travo diariamente uma guerra contra o perfeccionismo. É um excelente hábito que eu criei.

Eu evito fazer coisas perfeitas.

Eu sei que tudo que eu coloco aqui, tudo que eu faço nas minhas consultorias e coaching foi o melhor que eu consegui fazer. 

Eu não poderia ter escrito, editado e publicado melhor esse texto.

Mas sei que ele não é perfeito.

Porque se eu ficasse publicando coisas perfeitas aqui, eu teria 1 texto publicado.

Hoje tenho 70, eu acho.

É isso que eu quero mostrar para as pessoas que convivem comigo, cara. Que ninguém é perfeito, e você não precisa ser perfeito.

É isso que eu falo para quem faz Coaching e Counselling, para as pessoas que fazem Consultoria e Inteligência comigo, e pra uma galera que participa comigo por email.

Email? Sim, é minha forma de contato preferida, porque eu posso me estender nas respostas. 

Tem uma galera de gente que recebe uns emails meus que expandem o que tá aqui. A gente sempre conversa sobre tudo que eu escrevo, e eles tem as melhores dicas que eu posso dar.

Se você gostou desse texto, eu tenho certeza que você vai gostar mais ainda da parte dos emails!

Clique Aqui para fazer parte!

REFERÊNCIAS

Seligman, M. E. (2006). Learned optimism: How to change your mind and your life. Vintage

Schulman, P. (1999). Applying learned optimism to increase sales productivity. Journal of Personal Selling & Sales Management19(1), 31-37

Abramson, L. Y., Seligman, M. E., & Teasdale, J. D. (1978). Learned helplessness in humans: Critique and reformulation. Journal of abnormal psychology87(1), 49

3 comentários em “Como Generalizar o Otimismo te Transforma numa Pessoa mais Feliz

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