Veja a contradição que é o nosso mundo das organizações.
As pessoas, ao invés de trabalharem para elas mesmas, com os valores delas, significados delas, ESCOLHEM, por livre arbítrio (e porque foi sempre assim), trabalhar para os outros.
E por trabalhar para os outros entenda trabalhar em outra organização que não a dela mesma. Trocar tempo e esforço por dinheiro.
É evidente que todos poderiam ser freelancers, ter sua própria “microempresa”, e cada um trabalhar sozinho.
Mas nossa ânsia de viver em sociedade, em fazer parte de algo maior, em estar junto com outros, fez com que a gente se reunisse em organizações.
Por que você trabalha na organização que trabalha?
A ideia principal por trás das organizações é juntar pessoas com valores e propósitos em comum em organizações. Partidos políticos, igrejas e cultos. Todos tinham uma crença, algo maior em comum.
Com o passar do tempo, as organizações foram crescendo, os fenícios inventaram a moeda, e todo mundo começou a usá-la.
Então aí a gente viu um casamento de necessidades.
- As organizações precisam de pessoas pra viver
- As pessoas precisam de organizações pra viver
E essa é a base do capitalismo. Que é um tesão, se você pensar em um equilíbrio. Todos trabalhariam por aquilo que lhes dá prazer, tesão, felicidade, etc.
Mas no papel é mais bonito que na verdade – e funciona melhor também
Por que o líder é tão importante?
Veja, hoje temos um mundo em que pessoas trabalham por GRANA. Ponto final. Não tem propósito. Não tem tesão. Não tem identidade.
Tá, não vou dizer que não tem. Poucos tem.
De qualquer maneira, a necessidade mais básica das pessoas é suprida por organizações, então, bicho, qualquer uma tá valendo.
Não precisamos mais que a organização reflita nossos valores, nosso propósito, nossa identidade. Precisamos de um lugar que pague-nos por mês em uma transação comercial.
Mas pode ser melhor. E aí o líder, o dono da empresa, o responsável pela operação, o chefe, entra em cena.
Como o líder faz as pessoas trabalharem?
Por mais simples que possa parecer, por mais tosco e cliché que seja, o líder faz as pessoas trabalharem… trabalhando!
E por trabalhar, eu digo levar as coisas a sério. E por isso que a escolha dos perfis de liderança é tão importante, bicho!
Não interessa o conhecimento técnico do líder, nem o tempo de casa dele, nem o quão amigo ele é do dono.
O que interessa é se ele leva o trabalho a sério. Mais. O que interessa é se ele leva as pessoas a sério.
Pegue um exemplo. Como um líder deveria tratar um estagiário?
- Delegar para alguém, geralmente abaixo do líder, todas as responsabilidades, e não saber nem o nome do estagiário
- Conversar por 15 minutos com o piá, explicar o propósito da empresa, explicar onde o piá se encaixa em tudo isso, e se colocar à disposição para tudo
Olha a diferença, velho.
O líder sabe que as pessoas são mais importantes que o negócio em si. Ele sabe que o negócio é um reflexo das pessoas que estão dentro dele.
Ao mesmo tempo, o líder trata o negócio como um símbolo do que ele acredita, do que dá tesão pra ele, da “vocação” que ele tem para o mundo.
Automaticamente, e como num passe de mágica, todos que veem isso em um líder respeitam o negócio e as responsabilidades como se estivessem respeitando o líder.
O líder sabe que o trabalho é um reflexo das pessoas, que o trabalho é só um trabalho até uma pessoa ir lá e fazer o que precisa ser feito.
Uma empresa é só uma empresa até pessoas entrarem lá dentro.
A moral da história
Eu tenho certeza que você já viu aquelas empresas que são mal-faladas, que as pessoas odeiam trabalhar, que é conhecida por assédios, etc.
Eu também tenho certeza que você já ouviu falar daquelas empresas que a galera fala muito bem, que dá tesão em fazer parte, que todos os funcionários ficam até mais tarde por livre e espontânea vontade.
É o líder que faz as duas situações. E o líder que leva uma empresa a ser muito bosta, e é o líder que leva a empresa a fazer parte dos rankings do “Great Place to Work”.
Não existe trabalho sem significado. Existem pessoas que não conseguem enxergar o significado no trabalho delas porque ninguém nunca falou o que o trabalho delas significa pra organização.
Porra, se Kennedy (leia isso) não tivesse convencido que até o cara que varria o chão tava ajudando a colocar o homem na lua, a NASA não seria 10% do que é hoje, mano!
Como você espera que as pessoas, os analistas, os estagiários, os menores aprendizes, o pessoal da limpeza, saibam o que estão fazendo?
Porra, eles estão atolados no trabalho deles cumprindo um objetivo que, por enquanto, não é deles, cara!
É a responsabilidade do líder em chegar pra cada um deles e dizer qual é a estratégia. Qual é o objetivo. Qual é o propósito. Qual é o significado!
Por isso a gente tá num mundo cheio de empresas mais ou menos, cheio de líderes mais ou menos que só querem o bônus no final do ano, que só querem um salário maior que o vizinho, que só querem comprar o carro novo.
Um desabafo
Cara, isso é tão simples de entender, que eu não entendo os líderes que não levam as pessoas a sério.
Eu já pensei que poderia ser algo relacionado à educação, a tentar imitar os chefes que eles tiveram e fazer uma linha de durão. Sei lá, cara.
Mas é ridículo que em 2018 eu tenha que fazer um post assim. É ridículo que a gente tenha que se preocupar com liderança em 2018. Isso já deveria ter sido resolvido lá em 1990, cara.
Nenhum ser humano é um ser cagante. Nenhum ser humano é uma planta. Existe uma diferença entre humanos e samambaias, cara, entre humanos e capivaras.
Essa diferença é o propósito. É o tesão não-sexual. É a consciência, a felicidade, a disciplina.
Mas cá estamos, em 2018 falando esse tipo de coisa. Porque ainda tem empresas e líderes que tratam pessoas como macacos.
Eu tô tentando fazer minha parte nessa “conscientização”. Tá difícil, mas eu não vou desistir.
No linkedin que é legal, porque todo mundo dá uma de bonzinho. Mas daí no “pega pra capar”, um grande dedo do meio para as pessoas. Meu c* é mais importante e tá intacto.
Mas chega de desabafo. Eu sei que você concorda com tudo isso que eu falei.
Se você não concordasse, não estaria neste site. Tem vários outros aí que podem ser melhores pra você.
Eu tô fazendo a minha parte colocando 7 posts por semana aqui. Não tem um dia de descanso. Todo dia é dia.
Eu achei meu significado. Eu percebi que eu comunico as coisas bem pra você, e cara, é isso que eu vou fazer pro resto da minha vida.
Nesse post teve mais desabafo que de costume, mas ainda tem ciência por trás. Todos os posts são baseados em ciência, e não em palpite.
Palpite é o que levou líderes a tratarem pessoas como lixo. A ciência é que diz que as pessoas devem ser colocadas em primeiro. O dinheiro vem depois, como consequência – não como causa
Mas eu quero te fazer um convite. Eu quero que você faça parte de um pessoal que recebe alguns emails de mim toda semana.
Nesses emails eu escrevo mais sobre produtividade para a sua carreira, então é uma boa pra você que quer se desenvolver.
E se inscrevendo, você vai ganhar meu livro “O que todo mundo deveria saber sobre Estratégia”. Ele tem um valor de mercado de 50~80 reais, mas como eu quero construir um relacionamento com você, eu tô te dando ele.
Sabe aquilo que eu tava falando de propósito e significado ali em cima? Então, tá tudo lá no livro, explicadinho pra você como fazer isso.
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REFERÊNCIAS
Gerber, M. E. (2002). The E-myth revisited: Why most business don’t work and what to do about it
Bolman, L. G., & Deal, T. E. (2017). Reframing organizations: Artistry, choice, and leadership. John Wiley & Sons
Carton, A. M. (2018). “I’m Not Mopping the Floors, I’m Putting a Man on the Moon”: How NASA Leaders Enhanced the Meaningfulness of Work by Changing the Meaning of Work. Administrative Science Quarterly, 63(2), 323-369