Como administrador, eu nunca entendi porque as escolas de negócio ensinam teoria geral da administração baseadas nos “inovadores” Taylor e Fayol.
Tá, eles foram importantes, com os negócios de tempos e movimentos, administração científica, e tal.
Mas qual é a desses caras?
Veja, tem mais do que Taylor e Fayol na história da inovação em gestão.
Se fomos voltar lá atrás, digo, lá atrás pra caralho, em 1750, quando foram registradas as primeiras organizações, nenhum dos dois eram nem espermatozóides, bicho.
Pega essa linha do tempo de 200 anos de inovação em gestão em 1 minuto de leitura:
1. Energia a Vapor e Ferrovias (1861-1913)
Desde 1770, vivemos em um mundo com organizações. Naquela época, mais notadamente, empresas de água, energia, e ferro.
Taylor e Fayol apareceram em 1800, com a invenção do motor a vapor e ferrovias. Eles foram o primeiros a falar que a empresa precisa ser “racional”, especializando as funções.
E ainda tem gente que segue em 2018 o que os caras falaram sobre especialização em 1800, bicho. Me dê cinco minutos para mudar sua visão sobre especialistas na sua organização.
Taylor e Fayol também ficaram famosos pelo organograma, e eles também adicionaram a “função social do negócio” nas empresas.
2. Energia Elétrica e Indústrias de Aço (1896-1945)
Isso continuou, e onde os dois explodiram mesmo foi em 1900, com as fábricas de aço e com a energia elétrica.
Padronização de tarefas, dinâmicas de grupo, e counselling dos funcionários vem desde essa época, cara. Não é de hoje não.
Desde essa época os gestores aumentavam salários pra ter mais produtividade (um puta erro), e a preocupação com a super-especialização dos funcionários começou.
3. Energia Fóssil e Automóveis (1955-1992)
Aqui tem várias palavrinhas que você conhece. Centro de Lucro. Estratégia Corporativa. Estrutura Matricial. Gestão por Objetivos. Cultura Organizacional. TQM. Melhoria Contínua. E a lista continua.
Muita empresa ainda continua em 1992, se preocupando com coisas que poderiam ser substituídas pelas novas ferramentas que temos agora.
4. Computadores e Telecomunicações (1991-Hoje)
Reengenharia. Outsourcing. Organizações horizontais. Competências. Modelo de negócios. Gestão do conhecimento. Comunidades de Prática. Tudo ágil.
Tá Caio. Onde vc quer chegar com isso?
Eu vou falar aqui o que Bodrozic e Adler (2017) descobriram com isso.
E também como isso afeta a sua vida, e a sua organização.
O padrão de mudança que temos aqui em cima é simples de identificar.
Seres humanos são curiosos. Você tá lendo isso aqui por curiosidade. A gente sempre tá descobrindo coisas novas.
Coisas novas possibilitam novas práticas. Ou seja, a gente pode fazer novas coisas com coisas novas.
Essas novas coisas que podemos fazer resolvem nossos problemas. O Uber resolveu o problema da porcaria do serviço que era o Taxi.
Essas novas coisas que fazemos são disseminadas, e dá cagada, mais cedo ou mais tarde.
Por que dá cagada?
Bom, a gente sempre tem um fetiche por coisas e tecnologia, e esquece das pessoas e dos humanos.
Vamos pensar em administração, ao invés de produto.
Começamos achando, em 1800, que a gestão deveria ser algo racional, e os empresários acabaram explorando os trabalhadores. Uma mudança rápida veio, e melhorou as condições dos funcionários.
Depois, a gente inventou a energia elétrica e a administração científica. A administração de 1800 sumiu, e agora nós voltamos a controlar estritamente os funcionários. Isso foi resolvido rápido, com a administração focada em relações humanas.
Daí, a gente inventou o carro, e junto veio o modelo de corporação. O CEO controlava tudo, e o funcionário não fazia nada. A gente resolveu isso bem rapidinho focando na cultura organizacional, qualidade, e aprendizado.
Hoje, a gente inventou a tecnologia, com um modelo de gestão de rede, que levou as empresas a terceirizar tudo. Mas isso levou a falta de envolvimento humano na empresa, então inventamos a gestão da inovação e conhecimento nas organizações.
O padrão é simples.
- Um novo modelo de gestão acaba com o modelo antigo
- Aplicamos o novo modelo de gestão e mostramos o dedo do meio para as pessoas
- Shit happens porque mostramos o dedo do meio para as pessoas
- Abraçamos as pessoas de novo e tudo dá certo (até que)
- Um novo modelo de gestão acaba com o modelo antigo….
A “coincidência” entre essas 4 fases nesses 200 anos, é que nós temos a tendência a sempre negligenciar o fator humano (mostrar o dedo do meio para as pessoas)
A gente tende sempre a endeusar especialistas ao invés de generalistas. Terceiros ao invés de funcionários. Sistemas ao invés de pessoas.
Depois, a gente corre atrás e corrige. E corrige colocando as pessoas de novo no esquema.
Eu sempre digo. Não existe gestor comercial, gestor de RH, gestor de logística, gestor disso ou daquilo.
Todo gestor é gestor de pessoas.
Se esse gestor de pessoas esquecer das pessoas, bicho, tá provado, vai dar cagada.
Então, não esqueça da sua responsabilidade com as pessoas.
Eu espero que você se aproveite da máxima de George Santanya:
Aqueles que não conhecem a história estão fadados a repeti-la
E use isso como uma vantagem para você.
Porque você sabe. Eu dou esses conselhos baseados na ciência pra ajudar você a ser mais produtivo, e ajudar as empresas a crescerem mais.
É por isso que você tem que se inscrever na minha lista de emails.
Toda semana eu mando uns 2 insights pra um pessoal que quer ser mais produtivo na vida e na empresa. Ganhar mais grana, ser mais influente, enfim, só coisa boa.
Eu acho que você deveria se inscrever se você não quiser repetir a história.
Bodrožić, Z., & Adler, P. S. (2018). The evolution of management models: A neo-Schumpeterian theory. Administrative Science Quarterly, 63(1), 85-129
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