Organizações são paradoxais por natureza, já pensou nisso? Nós somos livres, mas em organizações somos controlados por uma estrutura. Organizações são baseadas ao redor de sua estrutura rigidamente controlada, mas são formadas por indivíduos livres.
Isso acontece em todo lugar, e tem implicações importantes pra qualquer estratégia de gestão de pessoas, por exemplo. Quais são os limites do controle? Até onde controlar é legítimo? Um controle Taylorista, de tempos e movimentos, é desumano? Só se não tiver ergonomia?
Independentemente da sua resposta às perguntas a cima, meus parabéns. Você acaba de cair em outro paradoxo. Se indivíduos são livres, eles não podem escolher serem controlados para ganhar um salário? Se eles abrem mão da sua liberdade, eles continuam sendo livres?
Geralmente o pessoal olha pra RH, pra gestão de pessoas, como uma tarefa fácil. Tenho um amigo que uma vez descreveu os profissionais de RH como “as tias psicólogas que contratam as pessoas que elas gostam pra posições que elas inventam, e fingem que se importam com essas pessoas contratando um serviço de massagem pros funcionários que precisam de grana.”
Evidentemente, latentemente, tá na cara, existe um problema nas nossas organizações. Mais que um problema de gestão de pessoas, é um problema de estratégia.
As organizações que mantém o controle a um mínimo, ou pelo menos a um grau razoável (de 1-4 em uma escala até 10) podem se aproveitar de estratégias deliberadas e emergentes, gerando maior aprendizado organizacional. Esse é o jeito que eu gosto das coisas, e é o jeito que a literatura contemporânea sobre gestão abraça.
Quando você dá mais liberdade, você tende a disciplinar o funcionário e fazer ele responder por seus vícios e virtudes. Já dizia o poeta, às vezes faço o que quero, às vezes faço o que tenho que fazer.
Desse jeito, organizações mais inovadoras podem surgir. Todo mundo sabe que Google e Apple, por exemplo, controlam muito pouco seus funcionários. Isso é óbvio. Não tenho certeza, mas “disse que” no Google a galera tem 1h do dia pra ficar em projetos pessoais, e disso nasceu o Gmail e outras coisas mais…
Enfim, eu não sei o que acontece com o RH no Brasil, cara. Eu sempre tive uma tendência grande a não gostar de recrutadores, porque todos olhavam pra mim e nunca me contratavam. Eu assustava eles.
Mas o fato é que pouquíssimas empresas no Brasil são inovadoras. Isso é um problema de pessoas. E antes que você coloque a culpa no RH, não, não é. A culpa é da estratégia. As empresas não enxergam pessoas de forma estratégica. Se enxergassem, tudo seria diferente.
REFERÊNCIAS
Vicios e Virtudes – Charlie Brown Jr. (não sei citar música do jeito certo)
Clegg, S. R., da Cunha, J. V., & e Cunha, M. P. (2002). Management paradoxes: A relational view. Human relations, 55(5), 483-503
Taylor, F. W. (1914). The principles of scientific management. Harper
Friedman, M. (2009). Capitalism and freedom. University of Chicago press
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Um comentário em “Charlie Brown Jr, RH, e Paradoxos”