Se você pegar nossa sociedade, principalmente o mercado de trabalho organizacional, vai perceber que é tudo meio parecido. Isso se chama “isomorfismo”, um resultado das lógicas institucionais sobre o mercado. Todos trabalham em horário comercial, ganham mais ou menos a mesma coisa, fazem trabalhos parecidos, enfim. É tudo meio igual.
Daí você diferencia por hierarquia, claro. Analistas Jr, Pleno, e Senior; Coordenadores; Gerentes; Diretores; CXOs, etc. A questão é: como um, digamos, Analista Jr. se torna um CXO?
Um cara chamado Grant Cardone defende que aquelas pessoas que são muito bem sucedidas fazem uma coisa diferente daquelas pessoas que não são. Ele chama isso “os quatro graus de ação”.
O primeiro grau de ação é a inação. O simples far niente. Pessoas que não fazem mais nada para aprender, para ir em frente. Não fazem nada para serem mais produtivas. Não fazem nada para serem melhores para as suas famílias. O que vier virá e Deus dará. Um tédio monstruoso acompanha.
O segundo grau de ação é a recusa. É a negação da ação. A recusa de aprender, por exemplo, porque vai se achar burro, ou vai achar difícil. É a recusa de ser mais produtivo, com medo de que não adiante nada. Geralmente a recusa motivada pelo medo de falhar, ou pelo medo de rejeição.
O terceiro grau de ação é o normal. Tá cheio de gente assim por aí. Trabalham das 8 às 18 com 2 horas de almoço, chegam em casa, botam o pé pra cima, ou fazem um happy hour com o pessoal do trabalho. É a ação considerada aceitável para a sociedade, afinal, “tem que ter um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal”.
O quarto grau de ação é o pesado. Veja uma criança, por exemplo, ela não pára. Uma criança de, digamos, 7 anos, não pára por nada nessa vida. Se ela está acordada, ela está fazendo alguma coisa. Um adulto com ação pesada está achando “sarna pra se coçar”, está criando problemas pra resolver, trabalho pra fazer, dinheiro pra ganhar, e conteúdo pra aprender.
Este quarto grau de ação é que leva Analistas Jr. a CXOs.
“Mas Caio, e o Burnout? E as síndromes do pânico? E a saúde?”
Pois é, o Grant Cardone não fala nada disso. Na verdade, ele se esquiva disso falando que são pessoas que não gostam do que fazem. Na minha opinião, é uma questão de mindset, como já diria Dweck.
Eis o mistério da fé.
REFERENCIAS
Duckworth, A., & Duckworth, A. (2016). Grit: The power of passion and perseverance. Findaway World LLC
Cardone, G. (2011). The 10X rule: the only difference between success and failure. John Wiley & Sons.
Dweck, C. S. (2006). Mindset: The new psychology of success. Random House Incorporated.
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